No Instagram é outra história. Esta rede social, por sua vez, costuma inovar e favorecer até mesmo fotos não tão boas. Neste aplicativo, uma hashtag pode servir como pedido para que a sua foto fique "apropriada" e modificada. A hashtag é #IWantToBeInvaded e o autor da mudança é o artista brasileiro Lucas Levitan. Ele "capta" as fotos marcadas com esta hashtag e as "invade".
Levitan aceitou contar à Sputnik o seu método. Confira a entrevista.
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Sputnik: Quando e como você teve pela primeira vez esta ideia de invadir fotos de outros usuários do Instagram?
Lucas Levitan: O projeto Photo Invasion surgiu em uma época que estava fazendo muitas coisas ao mesmo tempo: editava documentário, escrevia histórias em quadrinhos e fotografava sem parar.
Photo Invasion junta 2 dessas paixões, ilustração e fotografia. Comecei fazendo "invasões" em minhas próprias fotos, mas vi que interagir com fotografias de outros fazia mais sentido. Encontrar uma história escondida atrás de fotos alheias era bem mais divertido.
S: Como isso funciona? Como você escolhe as fotos que vão ser invadidas? Você tem algum formato de imagem preferido?
LL: Viajo por contas de Instagram buscando minhas vítimas e espero que alguma imagem me inspire. Eu não escolho as fotos, elas que me escolhem. Acho que a surpresa de ser invadido é melhor que a expectativa de imaginar o que eu faria com a foto enviada. Gosto da liberdade de criação. Algumas fotos pedem uma "invasão" poética, outras com humor mais escrachado. Esse é o projeto que me sinto mais livre para expor minha maneira de pensar e criar.
Como muita gente começou a pedir para serem invadidas, criei uma hashtag, #IWantToBeInvaded (Quero ser invadido), para que todos pudessem enviar suas fotos. A hashtag já conta com mais de 73 mil fotos. Isso mostra o quanto as pessoas buscam um diálogo criativo.
S: Você usa, na maioria das suas obras, umas cores bem reconhecíveis. Como você escolheu esta gama?
LL: Comecei a usar essas cores quando experimentava uma paleta de cor que integrasse com a fotografia. Busquei cores que não imitassem a realidade, mas que de alguma forma casassem bem.
S: Além da arte online, você usa outras modalidades, como a arte de rua?
LL: Eu estou sempre aberto, fiz murais com amigos para experimentar. Mas ainda não surgiram muitas oportunidades de fazer minhas ilustrações em grande escala. Pra ser sincero adoraria ver meus desenhos em espaços públicos, não apenas online.
S: Por que você mudou para o Reino Unido?
LL: Vim para Londres em 2005 para um mestrado em arte e design pela University of the Arts London. Era para ficar somente dois anos, mas me apaixonei pela cidade e pelas possibilidades de fazer arte aqui. Também acabei me apaixonando por uma espanhola e fiquei na Europa. Faz 10 dias que me mudei para Madri. Decidi morar em um lugar com sol e um pouco mais barato para poder desenvolver meu trabalho de ilustração com mais tranquilidade.