As declarações de Biden foram feitas em Washington, durante a conferência anual do Banco de Desenvolvimento da América Latina. O Brasil foi o primeiro país a ser citado por Biden quando ele falava sobre os desafios da América Latina e a importância do país para os EUA.
Para o secretário adjunto de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Ariovaldo Camargo, o comentário do vice-presidente é típico de quem acompanha os noticiários que saem do Brasil através dos grandes meios de comunicação.
"Eles (meios de comunicação) tentam vender uma naturalidade do que aconteceu, inclusive com o formato, que na nossa opinião é um golpe parlamentar e midiático, e tenta atrair para as necessidades e os projetos norte-americanos o governo que acabou se tornando o governo definitivo através do processo de afastamento da presidenta Dilma. Tenta ainda romper com a lógica que vinha sendo, ao longo dos últimos anos, tratado pelo governo brasileiro de fazer um reposicionamento do ponto de vista econômico de quais parceiros deveria privilegiar na geopolítica."
Segundo Camargo, o Brasil tinha feito nos últimos anos uma reaproximação muito forte através dos BRICS, uma perspectiva de um novo modelo econômico para os países em desenvolvimento e em especial um novo ordenamento que não fossem os mesmos apresentados pelo Banco Mundial e pelo FMI.
"Lamentavelmente o jogo político que o governo norte-americano tenta fazer é tentar respaldar o golpe no Brasil numa perspectiva de trazer para seus interesses o mercado econômico brasileiro e o próprio alinhamento do governo brasileiro com as políticas norte-americanas. É um novo ordenamento do governo brasileiro, através do ministro José Serra, que vai tentar uma reaproximação com o governo norte-americano, descontruindo aos poucos o que se construiu através do Mercosul na América Latina e as relações com Rússia, China, Índia e África do Sul. É mais uma daquelas declarações de quem não conhece de fato aquilo que acontece no Brasil e faz uma interpretação daquilo que a grande imprensa tem distribuído para o mundo todo."
Camargo diz que não há o reconhecimento de que as coisas foram de fato corretas.
"Basta observar a fotografia oficial da reunião do G20, onde nos últimos anos sempre o presidente do Brasil ou a presidente do Brasil se encontrava em posição de destaque ao lado de Obama, de Merkel, dos grandes governantes do planeta. Dessa vez, o governo representado pelo Michel Temer fica à direita do grande bloco de líderes mundiais, praticamente numa posição muito diferente daquilo que vinha sendo nos últimos anos."