Diagnosticado com a doença desde 2 anos de idade, Alexandre Abade só começou sua alfabetização aos 17 anos e hoje tem duas graduações e uma pós graduação, em Gestão de Marketing e Administração de Empresas, além de diversos cursos de aperfeiçoamento profissional.
Para ajudar as crianças e adolescentes a lidar com as limitações de deficiências e mobilidade reduzida, Alexandre Abade lançou oficialmente, em Brasília nesta quinta-feira (8) seu segundo livro 'Amigos que Fazem a Diferença – Inclusão e Ação.'
Em entrevista exclusiva para a Sputnik, Alexandre contou que até os quatro anos de idade teve uma infância limitada no colo dos familiares, mas que o mínimo movimento lhe causava fraturas pelo corpo.
"Eu tive uma infância limitada, eu andava até uma determinada idade levado pelas mãos dos meus pais e da família até os quatro anos, mas devido a fragilidade dos ossos foram ficando comprometidos os meus braços, as minhas pernas. Em leves movimentos já ocasionava as fraturas."
Além das fraturas, Alexandre Abade disse que por causa dos antibióticos que tomava constantemente devido a tantas fraturas, sua imunidade era baixa o que acarretava em diversos outros problemas de saúde, como fortes gripes e pneumonias. Dos 8 aos 12 anos, o escritor disse que não via uma vida futura, os médicos inclusive o desenganaram, dizendo que não passaria dos 13 anos.
"De 8 aos 12 anos eu não tinha perspectiva de vida. Os médicos me deram um prazo de vida de 12 a 13 anos, porque a fragilidade dos ossos era tanta, que eles temiam que eu não chegasse a viver até os 13 anos."
Apesar o diagnóstico negativo, os pais de Alexandre Abada nunca desistiram e foram em busca de novas formas para tentar controlar a doença e estabilizar as fraturas. Encontraram a solução na fé e em um tratamento pela medicina natural o que possibilitou, que ele começasse a vida acadêmica aos 17 anos.
"Nessas caminhadas de hospitais conhecemos um outro lado da medicina, uma medicina natural. Com 15 anos comecei a tomar esses remédios e venci esse prazo de vida de 12 a 13 anos que os médicos colocavam. Com 17 anos eu sofri a última fratura, foi quando eu comecei a minha primeira alfabetização, meu primeiro contato com a escola, lápis e caderno, pelo ensino especial. Daí para frente eu não parei mais."
O escritor realmente foi além, venceu a fase da alfabetização, ensino fundamental e médio com muita determinação apesar do preconceito da aceitação dos colegas de escola, pela ignorância em não saber lidar com sua deficiência. Após o ensino médio, Alexandre deu continuidade à busca pelo conhecimento chegando a mais uma vitória passar em primeiro lugar no vestibular para Gestão de Marketing, em 2007.
"Eu tive algumas dificuldades de aceitação, de pessoas que não sabiam como lidar, colegas da escola. Em princípio a pessoa tinha uma visão do deficiente de que ele não é capaz e acho que ainda tem essa visão, mas estamos vencendo, estamos mostrando o contrário, que tudo é possível."
A ideia do segundo livro, que é uma produção independente, só aconteceu no ano passado, e teve como inspiração um pedido da sobrinha Mariana, de 11 anos, para que escrevesse aos jovens sobre amizade e inclusão. Para a realização da publicação, o projeto contou com a coautoria da amiga Sarah Sena.
"Minha sobrinha falou que as crianças e adolescentes poderiam ter uma outra visão sobre o deficiente na linguagem adolescente. Eu tive a oportunidade de conhecer a Sarah, e desenvolvi esse projeto. Uma forma de trabalhar com essa nova geração foi desenvolver esse livro para que eles amadureçam cada vez mais e se vejam capazes, se valorizem. Começando da fase de criança, passando pela adolescência para quando chegar na fase adulta, ele veja o que fez de errado para corrigir, que tenha autonomia de dizer não ao preconceito, de dar a mão a quem necessita, aos portadores de deficiência física, ao deficiente visual, com síndrome de down e as pessoas de mais idade."
Além do novo livro, Alexandre Abade está inaugurando também um canal no Youtube chamado 'Os Imperfeitos', junto com outras três amigas, que dá continuidade a inclusão social, trabalhando a acessibilidade ou a falta dela.