Um correspondente da agência RIA Novosti conseguiu se reunir com o representante do Conselho Popular das cidades sitiadas, que relatou os detalhes da catástrofe humanitária em Al Fuah e Kafarya na província de Idlib, no norte da Síria.
Firmeza das cidades sírias
"Nos comunicamos muito raramente com o nosso povo. Não há comunicações – recebemos informações só através dos nossos próprios canais, muitas vezes através de suborno e do uso de caminhos secretos", diz o representante do Conselho, que conseguiu sair e agora está lutando contra os militantes para romper o cerco.
Os terroristas assaltaram Al Fuah pela última vez em 2012. Eles tentaram romper a linha de defesa com veículos blindados de infantaria juntamente com milhares de terroristas. Os defensores da cidade conseguiram defender suas casas e salvar as vidas dos cidadãos. Desde então, eles estão vivendo cercados.
"Eles nos veem (aos xiitas) como apóstatas do Islã que devem morrer. Se tomarem Al Fuah e Kafarya, eles executarão todos os moradores porque não são sunitas", relata o homem.
O mundo não quer saber de Al Fuah e Kafarya
Internacionalmente, toda a atenção está atraída para a situação humanitária na cidade de Aleppo, onde se aperta o círculo em torno dos bairros orientais, capturados por militantes. No território controlado por terroristas vivem 200-300 mil civis. A última vez que o Crescente Vermelho sírio foi capaz de entregar ajuda humanitária aos civis foi no final de julho.
"Em Fuah e Kafarya o povo está perdendo toda a esperança. Em Aleppo até a internet funciona, eles estão sob cerco há um mês e todos estão preocupados. O nosso povo está cercado há mais de três anos e ninguém se importa. Não posso entender porque a ONU e o Ocidente não levantam a questão da assistência para a nossa cidade? Será que não nos consideram seres humanos?", exclamou o ex-morador da Al Fuah ao correspondente da agência RIA Novosti.
A esperança se esfuma
Segundo a fonte, não há medicamentos nas cidades. "Não há mesmo as coisas básicas, como para tratar apenas um arranhão. Por causa de envenenamento do sangue, as pequenas feridas de estilhaços apodrecem e pessoas saudáveis morrem daquilo", explica Amir.
"Em Fuah e Kefraya durante o cerco morreram 2,2 mil pessoas, incluindo 400 crianças e 850 mulheres. Foram feridas 4,5 mil pessoas, todas elas poderão morrer se não forem tomadas medidas urgentes.", disse o sírio.
"Comem uma vez por dia, muitas crianças não se lembram o que são frutos e legumes, há uma forte escassez de água potável", relata o representante do Conselho Popular das cidades sitiadas.
Os civis hoje têm uma escolha: morrer lenta e dolorosamente ou viver para ver o dia em que o bloqueio será furado e a ajuda chegar. A esperança de que a segunda situação aconteça é menor a cada dia que passa.