Para os parlamentares, a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve apurar as declarações do ex-advogado-geral da União, Fábio Medina Osório, exonerado na última sexta-feira, 9. Em entrevista à revista "Veja", Medina Osório disse que foi demitido do cargo que ocupava porque o Governo quer "abafar" as investigações da Lava Jato. Ele disse ainda que o Executivo tem "muito receio" pelos desdobramentos da operação.
O documento entregue à PGR é assinado pelos Senadores Humberto Costa (PT-PE), líder do PT no Senado, Gleisi Hoffman (PT-PR), Ângela Portela (PT-RR), Fátima Bezerra (PT-RN), Jorge Viana (PT-AC), José Pimentel (PT-CE), Lindbergh Farias (PT-RJ), Paulo Rocha (PT-PA), Regina Sousa (PT-PI), Paulo Paim (PT-RS), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Roberto Requião (PMDB-PR). O líder do PT na Câmara, Deputado Afonso Florence (BA), também assinou a representação.
Um dos signatários, Paulo Rocha (PT-PA), falou com exclusividade à Sputnik sobre a motivação dos parlamentares de oposição ao representar contra os ministros responsáveis pela chefia da Casa Civil e da Advocacia-Geral da União:
"Nós tomamos esta iniciativa porque, a partir do momento em que um ministro deixa o cargo e faz acusações seríssimas contra o Governo ao qual serviu, corroboramos a impressão que tínhamos desde que teve início a articulação do golpe que levou à destituição da Presidente Dilma Rousseff", afirmou o senador petista.
"Para o governo atual, não há qualquer interesse em que a Operação Lava Jato vá adiante", diz Paulo Rocha. "Só que nós queremos saber as verdadeiras razões deste temor. Provocamos o Ministério Público Federal para que ele se manifeste sobre as declarações do ex-Ministro Fábio Medina Osório e investigue, particularmente, os Ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Grace Mendonça, da Advocacia-Geral da União. Entendemos que eles devem ser responsabilizados por uma possível contenção da Operação Lava Jato. Queremos também que todos sejam investigados, e não apenas o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e parlamentares da base aliada da Presidente Dilma Rousseff, como vem acontecendo. A Lava Jato está chegando perto das atuais lideranças do Governo de Michel Temer, e por isso a operação deve prosseguir."
Na segunda-feira, 12, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, negou qualquer intenção de barrar a Operação Lava Jato. Ele disse que nada há por parte do Governo neste sentido. Nesta quarta-feira, 14, ao ser empossada na Advocacia-Geral da União, a Ministra Grace Mendonça referendou as palavras de Padilha, afirmando que a Operação Lava Jato tem de prosseguir e não sofrerá qualquer pressão por parte do Governo.