O trabalho é feito com a espécie Erythrodipla.ana. encontrada no cerrado perto de Uberlândia (MG), em Mato Grosso e na Chapada dos Guimarães (GO). Outra libélula brasileira, a Zenithoptera lanei também foi estudada. Os machos de ambas as espécies possuem uma coloração azul forte fruto da estrutura de ceras microscópicas que cobrem a superfície do animal. Além da proteção contra o sol, a cera também impede que os insetos se molhem.
A pesquisa foi iniciada há cinco anos e busca identificar o que se pode replicar de útil para o nosso cotidiano. Os parceiros na Alemanha têm trabalhado em um tipo de fita adesiva que imita pés de lagartixa e outros insetos. No caso da libélula, só os machos são coloridos. Ao contrário das fêmeas que vivem em áreas mais abrigadas, os machos ficam o dia inteiro debaixo de um forte sol e temperaturas elevadas.
"Temos procurado conhecer mais sobre essa cera e as estruturas que têm esses animais, que possam ter utilidade na indústria ou em nosso cotidiano. Inicialmente a pesquisa é investigativa, procuramos conhecer o material e suas propriedades físicas e químicas e como ele consegue refletir o ultravioleta. A gente conhece agora um material de origem biológica capaz de refletir a radiação ultravioleta. No futuro, caso algum setor da indústria se interesse, isso pode ser aplicado em “ene” possibilidades como em lentes óticas, automóveis, um protetor solar útil para o cotidiano. Mas geralmente são anos de pesquisa até a gente chegar a esses produtos."
Há outros tipos de libélulas também capazes de produzi cera, só que de outra forma, com outras composições químicas e propriedades. Cada espécie tem gerado resultados diferentes. Várias dessas espécies são encontradas não só no Brasil como em outros pontos da América do Sul. Os estudos indicam que a cera dessas libélulas também são capazes de absorver poluentes, o que poderia servir como indicador de qualidade do ambiente nas regiões onde o inseto vive.
Junto com os colegas da Universidade de Kiel e com o químico Marcelo Gehlen, da Universidade de São Carlos (SP), Guillermo-Ferreira pretendem agora estudar a viabilidade de produção da cera e das libélulas em laboratório.