'Síria pode ter o mesmo destino que a Líbia'

© AFP 2023 / MAHMUD TURKIACaça MiG-23 da Força Aérea líbia, Líbia, 4 de setembro de 2016
Caça MiG-23 da Força Aérea líbia, Líbia, 4 de setembro de 2016 - Sputnik Brasil
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O relatório do Parlamento britânico acusou o ex-premiê do Reino Unido David Cameron e o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy de invadir a Líbia, ação que levou à derrubada do líder líbio Muammar Kadhafi e fortaleceu as forças terroristas na região.

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Nicolas Dhuicq, deputado do Partido dos Republicanos na Assembleia Nacional, eleito pelo departamento de Aube, disse em entrevista à Sputnik França que a operação na Líbia foi muito contraditória.

"Nos foi apresentada como uma necessidade humanitária para evitar o derramamento de sangue. Agora vemos que a morte do coronel Kadhafi levou a uma desestabilização na Líbia e em toda a região do Saara", afirmou o deputado.

O deputado do Partido Socialista Gerárd Bapt ecoou a ideia de Dhuicq.

"A tragédia é que nós, tendo derrubado o regime [de Kadhafi] destruímos o próprio Estado e, no caso do Iraque, quando o Estado foi destruído, seguiu-se o caos. Agora quem sofre mais é a Europa, para onde convergem imigrantes do Iraque, d Síria e da Líbia. Tony Blair, ao que sei, dizia que tinha iniciado negociações com Kadhafi e que este estava pronto a sair do poder sob a condição de o fazer de cabeça erguida. Como explicar o desejo de derrubar o seu regime? Provavelmente, razões eram outras…", disse.

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Na opinião de Dhuicq, a intervenção facilitou a vinda de pessoas da África subsaariana para a zona do Mediterrâneo.

"A comunicação [entre estas regiões] sempre existiu, mas Kadhafi era uma espécie de barreira para os que queriam atingir o Norte", disse.

A operação gera questões de caráter jurídico porque foi realizada em violação da resolução do Conselho de Segurança da ONU, para além da questão da morte de Kadhafi, afirmou o deputado. A Líbia deve ser uma lição para a comunidade internacional, ela nos ensinou que não se pode reformar um país a partir do exterior, as reformas devem ser tarefa dos próprios cidadãos desse país.

"O exemplo da Líbia mostra-nos que devemos apoiar [o presidente sírio Bashar] Assad e trabalhar para que na Síria se realizam reformas internas e não impostas do exterior", afirmou Dhuicq.

Os confrontos na Líbia iniciaram-se em 15 de fevereiro de 2011. O país foi um dos que experimentaram a Primavera Árabe – a onda de protestos antigovernamentais que atingiram a África do Norte e o Oriente Médio em 2010. O líder líbio Muammar Kadhafi, na tentativa de impedir as manifestações, foi acusado de violência em relação à população civil do seu país. Em março do mesmo ano, a França e a Grã Bretanha, apoiadas pelos EUA, iniciaram bombardeamentos do território líbio. O resultado da intervenção foi a morte de Kadhafi e uma enorme instabilidade do país em todas as áreas – política, econômica, etc. Até agora o país não possui um governo forte capaz de lutar contra terroristas que avançaram no país. Desde 1 de agosto deste ano, os EUA recomeçaram os bombardeamentos da Líbia para "limpar" o país dos grupos terroristas.

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