Hoje, cerca de 250 missões científicas estrangeiras trabalham no país, e os brasileiros vão integrar esse contingente. O plano prevê a escavação de duas tumbas da Necrópole Tebana, no Vale dos Nobres, na localidade de Sheikh Abd El Qurna, na margem oeste do Nilo, em Luxor. As tumbas pertenciam a Amenemhet, escriba durante o reinado de Thutmosis III (1504 a 1450 a.C.) e Amenhotep, supervisor dos escultores do deus Amon em Tebas, à época capital do Egito.
Para contar sobre esse trabalho, a Sputnik Brasil conversou com o professor José Roberto Pellini, coordenador do programa de pós-graduação em Arqueologia da UFS.
"O projeto começou quando eu e meu vice coordenador, o professor Julian Sanchez, trabalhávamos com a equipe argentina em Tebas, em 2012, quando o Ministério das Antiguidades nos convidou para desenvolver um projeto em parceria que fosse essencialmente um projeto brasileiro. O Brasil tem vários contatos com o Egito, do ponto de vista comercial, mas não tinha uma missão arqueológica presente no país."
Segundo Pellini, o trabalho de escavação de tumbas, na região de Tebas, será feito por uma equipe praticamente toda composta de brasileiros. São duas tumbas conjugadas: a tumba tebana 123 e a 368 pertencentes a sacerdotes do Templo de Amon. O coordenador diz que projeto tem três grandes partes. A primeira é a escavação, com uma equipe liderada por Caroline Murta, uma arqueóloga que está terminando seu doutorado na UFS. A outra parte é de conservação, uma vez que a tumba é repleta de pinturas e afrescos.
"A parte de conservação vai ser liderada pela arqueóloga Silvia Cunha, especialista em restauração, e uma terceira parte, de restauração, cuidará de toda a parte danificada da tumba. Ela está sendo feita em parceria, um das poucas que o governo egípcio faz oficialmente, com o Ministério das Antiguidades. Além disso, temos pequenos projetos associados, como o desenvolvimento de tecnologias em 3D para documentação da tumba e alguns processos para entender a Necrópole Tebana."
A UFS está fazendo parcerias com a Universidade Federal de Minas Gerais e firmando convênios com outras universidades para que o projeto fique cada vez maior. A primeira missão vai ocorrer em março de 2017 durante 50 dias, e a previsão é que dure, no mínimo, de cinco a seis anos. A escavação em si deve levar três anos e depois ainda haverá toda a parte de restauração e conservação.