Um dos principais alvos da operação foi o ex-ministro da fazenda do governo Dilma, Guido Mantega que foi preso temporariamente, em São Paulo, mas logo em seguida o pedido de prisão temporária do ministro foi revogado pelo juiz Sergio Moro.
Mantega foi preso no saguão do Hospital Albert Einstein, na capital paulista, no início da manhã. Ele acompanhava a esposa, que tem câncer e estava sendo preparada para passar por uma cirurgia.
Segundo Moro, diante do quadro de saúde da esposa de Mantega, e como as buscas e apreensões de documentos nas residências e estabelecimentos comerciais dos investigados já tinham sido realizadas, não haveria mais a necessidade de manter o ex-ministro detido, já que ele não pode mais interferir na coleta de provas.
Moro ainda garantiu ao revogar a prisão, que nem ele, nem a Polícia Federal ou os procuradores da República que participam da prisão do ex-ministro, sabiam da situação de saúde da esposa de Mantega.
De acordo com o procurador do Ministério Público Federal, Carlos Fernando dos Santos Lima a prisão temporária de Guido Mantega já tinha pedida desde agosto pelo juíz Sérgio Moro, mas na ocasião não pode ser cumprida antes.
Carlos Fernando dos Santos Lima explicou que nas investigações da Lava Jato se descobriu que agentes públicos pressionaram os dirigentes da Mendes Júnior e OSX para fazerem doações ou pagamentos de forma indevida, como lavagem de dinheiro para quitar dívidas de campanha.
Em fase anteriores da Operação Lava Jato, se descobriu que a Mendes Junior repassou R$ 7 milhões, em 2013 para esses pagamentos indevidos, e o ex-presidente do Conselho de Administração da OSX, Eike Batista em depoimento voluntário em 2012, disse que recebeu um pedido de Guido Mantega para também repassar dinheiro.
Segundo o procurador da República, Carlos Fernando dos Santos Lima, o ex-ministro teria se reunido com Eike Batista em novembro de 2012 e pediu uma doação para ser usado na quitação de dívidas eleitorais. Na ocasião, Guido Mantega era o presidente do Conselho de Administração da Petrobras. "Nós temos que Guido Mantega realizou uma reunião com Eike Batista em novembro de 2012 e pediu para que houvesse uma doação para quitação de dívidas eleitorais. Supomos que essas dívidas eleitorais sejam da campanha presidencial de 2010. Este fato era irregular. Existe uma coincidência entre as datas. Em 1º de novembro houve a reunião, e a primeira liberação para o consórcio da qual a OSX, de Eike Batista recebeu valores foi dia 29 de novembro. Essas coincidências é que nos levaram ao pedido de prisão."
Carlos Fernando dos Santos Lima ressaltou ainda, que a Operação Lava Jato está se afunilando e as investigação se expandiram para além da corrupção na Petrobrás. O procurador afirma que as investigações hoje são sobre o financiamento da política eleitoral no Brasil e que envolvem partidos além do PT.
"Eu creio que nós estamos em um momento de, em relação à Petrobras, de afunilamento realmente. Entretanto, a Operação Lava Jato é muito maior do que a Petrobras, mesmo que sejam seus filhotes em outros estados, a Operação Lava Jato hoje é uma investigação sobre o financiamento da política eleitoral no Brasil. Existem investigações no Supremo Tribunal Federal, em relação a diversas pessoas de partidos políticos outros, que a Lava Jato investiga, que não o Partido dos Trabalhadores (PT)."
Logo após a prisão de Guido Mantega, o Advogado do ex-ministro, José Roberto Batochio negou o envolvimento de Mantega nesse esquema. José Roberto Batochio disse que o ex-ministro afirmou com toda a segurança que nunca tratou de doação de valores para pagar dívidas de campanha. Sobre um possível encontro com o empresário Eike Batista, o advogado alegou que o ministro da fazenda é obrigado conversar com todos os empresários.
"Quero dizer que o Ministro da Fazenda tem por obrigação uma agenda que implica permanente contato e diálogo com toda a cadeia produtiva brasileira no sentido de discutir políticas públicas em todos os setores. Então, o Ministro da Fazenda é obrigado a conversar com todos os empresários. Eu não posso dizer se conversou alguma vez ou não. O que eu posso dizer e que o Ministro me afirmou com toda a segurança é que jamais tratou de doação de qualquer valor para pagar dívida de campanha com Eike Batista."
Ainda de acordo com o promotor do Ministério Público Federal, Carlos Fernando dos Santos Lima são três vertentes de corrupção que estão sendo investigadas nessa fase. Uma delas é o repasse de propinas da Mendes Júnior e da OSX, para o ex-ministro José Dirceu e para o marqueteiro do PT, João Santana. "A primeira envolve o valor de aproximadamente R$ 7,4 milhões revelado por Eduardo Musa (ex-gerente da Petrobrás e um dos delatores da Lava Jato) pago a um conhecido operador, João Henrique, e esse valor nós estamos analisando se é destinado também a um partido político. Nós temos uma segunda vertente revelada pelo testemunho de um ex-executivo da OSX, que revela pagamentos aparentemente para José Dirceu (ex-ministro) e em algum grau menor ainda de evidência para empresas ligadas a André Vargas (ex-deputado), e nós temos essa terceira em relação a OSX."
Segundo o delegado da Polícia Federal, Igor Romário de Paula detalha a 34ª fase da Operação Lava Jato, que prendeu o ex-Ministro Mantega, além do ex-ministro, outras 7 pessoas foram presas temporariamente nesta 34ª fase da Lava Jato. São executivos e ex-executivos ligados as empresas que fazem parte do consórcio Integra Ofsshore, tanto a Mendes Junior, como a OSX. Todos eles tiveram em algum momento, tiveram participação aparentemente ativa nessas três vertentes de corrupção identificadas.
No Rio de Janeiro, a Polícia Federal e a Receita Federal cumpriram mandados de busca e apreensão na sede da petroleira OSX, e o ex-presidente da empresa Luiz Eduardo Carneiro, foi levado para a sede da Polícia Federal para prestar esclarecimentos.