Respondendo a uma jornalista, que lhe perguntou se ela sofreu sexicismo, como enfrenta agora a candidata democrata Hillary Clinton, nos Estados Unidos, Bachelet arrancou risadas da plateia ao afirmar:
"Claro. Eu era a gorda. Ainda hoje há muito sexicismo, embora pensemos que a sociedade melhorou muito."
Para integrante da ONG Criola, Jurema Werneck, a presidente chilena está certa na avaliação.
"Todo mundo que é mulher e alguns homens mais atentos veem como as mulheres participam da sociedade em condição desigual. Imagina ocupar cargos de poder, que estiveram sempre nas mãos de homens no Brasil republicano. Isso expõe a essa mulher ou a qualquer mulher no lugar dela a fortes ataques. Uma mulher ocupar aquele lugar, na visão sexicista, machista, é inaceitável."
Jurema admite que outros fatores estiveram envolvidos no impeachment da presidenta Dilma, lembra que o grupo que discordava da Dilma deveria realizar um forte debate e não lutar pelo impeachment. Segundo ela, a visão de uma mulher na presidência de certa forma autorizou aquelas pessoas a violência política e partiram para um ataque contra ela até as últimas consequências.
"A Bachelet experimenta isso no Chile, a Hillary Clinton experimenta isso nos Estados Unidos, mas isso não acontece em todos os lugares. Em alguns, existem mulheres que, apesar de uma série de desafios, têm experimentado um pouco menos de violência política e um pouco mais de respeito."
Jurema diz que esse comportamento pode ser visto agora, em pleno período eleitoral no Brasil.
"Quantas mulheres estão concorrendo a cargos majoritários, as prefeituras, por exemplo. E olha que a lei obriga cotas. Quantas mulheres estão concorrendo a posição de vereadoras em igualdade de condições e financiamento. As coisas são muito visíveis na história brasileira e na experiência latino-americana. Nós mulheres, na região, temos mais escolaridade e preparo para gestão da coisa pública e somos minoria. Temos Bachelet, tivemos Cristina Kirchner e a Dilma, as duas que saíram quase expulsas do poder."