Os acidentes de Chernobyl e Fukushima se tornaram os maiores acidentes da história da energia nuclear. Só lhes foi atribuído o nível 7 de escala internacional de eventos nucleares. O acidente na usina de Chernobyl ocorreu em 26 de abril de 1986, o de Fukushima-1 em 11 de março de 2011. Esses acidentes foram causados por motivos diferentes, mas ambos deixaram paisagens desoladoras. Em algumas fotos estes lugares são indistinguíveis.
Chernobyl
Mas, apesar da atmosfera assustadora e dos perigos reais, ou quiçá, graças a eles, já a partir de meados dos anos 90 a zona de exclusão de Chernobyl começou a atrair os turistas. A maioria deles chega legalmente, através do serviço de agências de turismo. As viagens começaram a vender pela primeira vez em 1995. Em 2002, foi revelado o relatório da ONU, segundo a qual, na maioria dos lugares da zona de exclusão de agora em diante é possível permanecer sem perigo para a saúde.
Desde então, o número de turistas que visitam Chernobyl anualmente tem crescido em mais de 1 mil pessoas.
Em 2007 foi lançado o jogo de computador S. T. A. L. K. E. R.. A zona das áreas de Chernobyl virou um protótipo para o jogo, e claro, a popularidade do jogo fez aumentar o número de turistas. Em 2009 a revista Forbes nomeou a usina nuclear de Chernobyl de o lugar turístico mais exótico do nosso planeta.
Fukushima
A iniciativa de desenvolver o turismo em Fukushima, foi apresentada pela primeira vez oficialmente pelo filósofo japonês Hiroki Azuma. Desenvolvendo seu projeto, Hiroki Azuma contava com a experiência de Chernobyl.
O projeto recebeu o nome de "Plano de transformação de Fukushima-1, num lugar de interesse (Fukuichi Kanko Project). O projeto foi apresentado apenas um ano depois do desastre, no outono de 2012. O plano pressuponha que as pessoas de todo o mundo pudessem visitar Fukushima e observar com seus próprios olhos o andamento do processo de descontaminação. E para 2036 foi previsto que os visitantes poderão, sem a proteção de trajes, se aproximar da usina a uma distância de apenas algumas centenas de metros. No entanto, o projeto foi freado na raiz pela administração da prefeitura, que está convencida que, em relação ao local do desastre não é possível nem usar a palavra "turismo".
"Eu comecei a realizar excursões já um ano após o desastre em Fukushima-1. Em outubro de 2012 fundei uma organização sem fins lucrativos Nomado, e continuou com isso. Até 2014, eu sozinho recebi 5 mil pessoas. A partir de 2015, comigo começaram a trabalhar outros guias e voluntários. Até ao momento, realizamos excursões já para mais de 10 mil pessoas".
Ele também falou do processo de descontaminação, e que tipo de perigo ainda pode enfrentar Fukushima no futuro:
"O governo informa que, quando do reator for extraído o combustível derretido, pode ocorrer um acidente de criticidade. E, ainda assim, o governo está promovendo ativamente o cancelamento da ordem de despovoação. Agora começa a eliminação das consequências do acidente. Mas, posteriormente, se de novo acontecer um terremoto ou um tsunami, há a probabilidade de que em tempo de atividade no reator ocorrerá uma explosão e emissão de partículas radioativas".
A Sputnik Japão conseguiu também falar com Yuta Hirai. Ele é guia privado em Fukushima e recebe visitantes de todo o mundo.
"Estão vindo pessoas diferentes: cientistas, estudantes. Vêm aqueles que aqui moravam, cujas famílias viviam, quem têm algo relacionado a esses lugares, aqueles que, de alguma forma, se sentem em coneção com a tragédia de Fukushima. Também há muitos pesquisadores e jornalistas, que coletam informações. Se vêm de grupo, é de 20 a 30 pessoas por mês".
Hirai está convencido de que os passeios que ele guia podem desempenhar um papel importante na restauração da prefeitura: "Eu acho que é muito importante para os moradores da prefeitura saberem que eles são objeto de atenção do lado de fora. Eles têm sentimentos mistos sobre o incidente: 'Eu quero esquecer, mas não quero ser esquecido'. Se aprendermos com o que aconteceu, percebermos que isso não deve acontecer, então isso vai ajudar os moradores de Fukushima a acreditar em si, mesmo se orgulhar de si. Há uma tendência no Japão de ouvir mais as opiniões de fora do que a opinião de dentro. Portanto, se mais pessoas de outras prefeituras e de outros países vierem aqui e virem como são as coisas e contarem disso, é possível que a situação opressiva em Fukushima mude para melhor".