Após a prisão do ex-ministro, Batocchio disse não saber as acusações contra Palocci, pois as investigações correram em sigilo. O advogado criticou o autoritarismo na prisão do ex-ministro e reclama que o ato foi mais um espetáculo da Força Tarefa, que investiga a corrupção no país.
"Eu não conheço ainda a acusação, porque ela é até o presente momento absolutamente secreta, no melhor estilo da ditadura militar. Você não sabe de nada, não sabe que está sendo investigado, um belo dia batem à sua porta e o levam. De modo que nós estamos voltando aos tempos do autoritarismo, da arbitrariedade. Qual a necessidade de se prender uma pessoa que tenha domicílio certo, que é médico, que foi duas vezes ministro, que pode dar todas as informações, quando for intimado. É por causa do espetáculo."
Na autorização de prisão, concedida por Sérgio Moro, o juiz sugere provas de que Antonio Palocci era o responsável no PT por organizar os pagamentos ilegais feitos pela Odebrecht. O Ministério Público Federal ainda investiga se Palocci também se beneficiava pessoalmente do esquema.
Palocci e os outros dois presos, Branislav Kontic, que foi assessor na campanha do ex-ministro em 2006, e Juscelino Antônio Dourado, ex-secretário da Casa Civil, que de acordo com a Polícia Federal, é um dos que receberam propina, foram encaminhados para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde estão centralizadas as investigações.
O advogado de Palocci ainda criticou o nome 'Omertà', dado a 35ª fase da Lava Jato, que segundo a Polícia Federal, é uma referência à origem italiana do codinome que a construtora usava para fazer referência a Palocci (“italiano”), e também ao voto de silêncio que supostamente imperava na Odebrecht e que, ao ser quebrado por integrantes do setor de operações estruturadas, permitiu o aprofundamento das investigações. A palavra, também diz respeito à postura atual da chefia da empresa, que, segundo a Polícia Federal, se mostra relutante em assumir e descrever os crimes praticados. Para o advogado Batocchio, a expressão remete a puro preconceito. "Causa uma certa indignação com o nome dado a essa Operação. Só porque ele tem o nome de descendente italiano, como eu tenho também, essa operação precisa se chamar 'Omertà'?, que significa a lei do silêncio da máfia, além de ser absolutamente preconceituosa contra nós, os descendentes de italianos, esta designação é perigosa. Imaginem só se alguém mudar o acento, o que, que fica?", reclamou.