"Recebemos material doado de pacientes de autismo, e o passo inicial é fazer a análise genética detalhada de cada indivíduo ou família, para que possamos detectar a mutação que causou o autismo. O passo seguinte é mapear os tratamentos possíveis depois de analisar a mudança nos genes. Por fim, chegamos à técnica dos minicérebros. Dispondo do mapa genético do paciente, é feita uma reprogramação celular por meio de células-tronco e são criados minicérebros com a genética da pessoa autista. Esses minicérebros são pequenas estruturas de neurônios que recriam, em determinada medida, o funcionamento do cérebro."
Ainda de acordo com Patrícia Beltrão, a técnica de elaboração dos minicérebros foi desenvolvida pelo pesquisador alemão Jurgen Knoblich, e o pioneiro da tecnologia da reprogramação celular é o japonês Shinya Yamanaka.
Patrícia Beltrão conta ainda que fármacos utilizados no tratamento de outras doenças de origem neurológica e psiquiátrica também estão sendo avaliados como igualmente passíveis de utilização no tratamento dos pacientes de autismo.
"Mas se trata de pesquisas de longo prazo, que demandarão algum tempo de comprovação e eficácia até que estejam cientificamente determinadas como aptas para o tratamento de pessoas autistas."
O autismo é descrito como um distúrbio neurológico caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação verbal e não verbal, e ainda por comportamento restrito e repetitivo. Segundo os cientistas, o autismo tem características predominantemente genéticas. Fatores ambientais também podem contribuir para a manifestação deste distúrbio. Entidades científicas mundiais que se dedicam ao estudo e à pesquisa do autismo informam que o distúrbio acomete uma a duas pessoas em cada grupo de mil. O distúrbio registra maior incidência em meninos do que em meninas. Ainda de acordo com estas instituições, os primeiros sinais de autismo costumam ser demonstrados aos dois anos de vida.