Henze, era ex-atleta e foi medalha de prata nos Jogos de Atenas, em 2004. Após sua morte cerebral, a família do técnico autorizou a doação dos órgãos. Além do coração para Ivonette, córneas, rins e fígado do ex-atleta também foram encaminhados para pacientes que aguardavam na central estadual de transplantes.
Ainda emocionada pelo gesto dos familiares do técnico Olímpico, a carioca Ivonette Balthazar disse em entrevista exclusiva para a Sputnik que a cirurgia foi realizada no dia 15 de agosto e que agora recomeça aos poucos uma nova vida. "Cada momento que toca nisso, toca em mim também, no meu coração. Estou começando devagar as minhas atividades, ainda é difícil, mas estou superando bem."
A transplantada contou que a necessidade de um novo coração aconteceu após sofrer um infarte.
"Há quatro anos em tive um infarto, fui parar no Instituto Nacional de Cardiologia e conforme eu fiz o cateterismo e outros exames, os médicos disseram que o meu infarto foi avassalador. Comecei um tratamento de um ano lá no Instituto e sempre repetindo os exames. Até que chegou um momento que as minhas funções foram baixando, dificuldade de andar, de me alimentar, um cansaço. Eu estava praticamente, em cima de uma cama, fazendo tudo com muita dificuldade. Após três ressonâncias magnéticas e nova bateria de exames, a médica disse que não tinha mais jeito e que eu teria que entrar na fila de transplantes."
Após a notícia, a carioca disse que inicialmente ficou apavorada, mas apesar do susto os trâmites burocráticos foram simples. "Foi um desespero muito grande. Escutamos falar, mas não temos noção do que é um transplante de coração e como é feita toda essa burocracia, mas nada de mistério, foi até muito fácil. Eu me cadastrei no programa do governo, fiz uma série de exames, já para entrar na fila do transplante."
Antes de receber o coração de Henze, Ivonette contou que chegou a ir para a cirurgia para receber um coração de outra pessoa, mas após os procedimentos o doador não era compatível, o que deu um grande desânimo, por achar que sua vida estava por um fio.
Quando chegou a oportunidade de uma nova tentativa, a carioca disse que não sabia que o seu novo coração era do técnico alemão,somente após o transplante, que levou de 5 a 8 horas, é que ligou os fatos.
"Eu não sabia que era do alemão, nem minha família sabia. Foi uma correria, eu em 15 minutos estava no hospital, internei, fiz exames, me prepararam, anestesia. O hospital já sabia que aquele coração era do Henze."
Pouco mais de 40 dias após o transplante, o primeiro gesto de gratidão que Ivonette fez questão de realizar para alertar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos, foi de participar esta semana, que é a Semana Nacional da Doação de Órgãos, de uma panfletagem no Centro do Rio. "A minha gratidão já começou com a minha ida lá. Eu estou emanada nesta campanha, independente de ser o dia do doador. Eu falei com algumas pessoas que tinham curiosidade, não sabiam como doava, e eu pude informar como é feito e a sua importância. Não adianta você falar que é doador, mas sua família tem que estar ciente disso. Se a família não autorizar, não doa."