Mas, ao se estabelecer em São Paulo e passar a conhecer melhor o Brasil, Ahmad Serieh alterou seus planos: a permanência no país, que a princípio seria provisória, tornou-se definitiva, e em 2010 ele abriu em São Paulo o Centro Cultural Árabe Sírio, que funcionou durante cinco anos. Ao mesmo tempo, Serieh cuidava do seu pedido de naturalização, recentemente obtido. E, de posse do diploma, providenciou toda a sua documentação de cidadão sírio naturalizado brasileiro, inclusive algo que há muito pensava obter – o Título de Eleitor.
A estreia do documento eleitoral aconteceu no domingo, quando Ahmad Serieh votou para prefeito e vereador na capital paulista. Em entrevista exclusiva à Sputnik, o arqueólogo revela:
"Para mim, foi uma grande alegria participar da festa da democracia brasileira. Foi uma experiência única na minha vida poder votar livremente num país que me recebeu tão bem e proporcionou condições para que a nossa família pudesse aqui se estabelecer".
Perguntado por qual razão fez tanta questão de votar, diante dos elevados índices de absenteísmo em todo o país, Ahmad Serieh dá uma lição:
"Creio que ninguém pode deixar de comparecer às urnas. É preciso compreender a importância de se votar livremente como acontece aqui no Brasil".
O arqueólogo revela ter votado em Fernando Haddad, mas faz questão de desejar felicidades ao prefeito eleito de São Paulo, João Doria Jr.
Ahmad Serieh diz ainda que se sente muito à vontade no Brasil, e que o Governo brasileiro merece todos os elogios por estar acolhendo tão bem migrantes e refugiados, em especial seus concidadãos sírios:
"Os sírios que chegam em grande número ao Brasil são pessoas de altíssima qualificação. Entre eles há muitos médicos, engenheiros, advogados, professores, pessoas que perderam todas as condições de exercer suas atividades na Síria. Tiveram a sorte de encontrar um país amigo que os recebeu muito bem, mas, na luta pela sobrevivência, tiveram de aceitar ocupações mais humildes, aquém de sua real capacidade".
Além de ministrar aulas e palestras sobre Arqueologia em instituições universitárias, Ahmad Serieh também se dedica ao Instituto Bibliaspa:
"Este Instituto reúne a Biblioteca e o Centro de Pesquisa América do Sul – Países Árabes – África. Neste Centro, recebemos refugiados e migrantes, ensinamos o idioma português e procuramos contribuir para que estas pessoas se adaptem mais rapidamente ao Brasil. A maioria destas pessoas chega ao país sem saber o idioma e sem conhecer os hábitos e a cultura. Então, nós procuramos ambientá-las e ajudá-las a se sentir à vontade neste Brasil que as recebeu tão bem".