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‘Privatização vai deixar BR nas mãos das empresas mais corruptas do mundo’

© Rovena Rosa/Agência BrasilBR venda
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A Petrobras começa a sondar interessados na compra da BR Distribuidora. O negócio, avaliado em US$ 6 bilhões, começa a atrair o interesse de grandes corporações no Brasil e no exterior. Considerada uma das joias da coroa da estatal, a BR é a maior distribuidora de combustíveis do Brasil.

A empresa tem uma rede de 7.500 postos de combustíveis em todo o páis e mais de 10 mil grandes clientes entre indústrias, termelétricas, companhias de aviação e gás. A intenção da Petrobras é oferecer 51% do capital. Se for bem sucedida, a venda deve se concretizada em 2017. O Citibank está assessorando a estatal no negócio que já atraiu interesse de grandes nomes da indústria petrolífera mundial, como a francesa Total, o Vitol Group, maior trading internacional da commodity no mundo, e até a Itaúsa, holding que controla o Itaú, maior banco privado brasileiro.

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O negócio, porém, deve enfrentar forte resistência de várias centrais sindicais, movimentos civis e petroleiros, contrários aos planos de desmobilização de ativos já anunciada pela Petrobras que vai incluir também venda de unidades nas áreas de biocombustíveis, fertilizantes e área química. Em setembro, um grupo liderado pelo Brookfield Asset Management fechou acordo para compra de participação de 90% na Nova Transportadora do Sudeste, unidade de distribuição de gás natural da Petrobras, por cerca de US$ 5,2 bilhões. 

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira, diz que o governo Temer enfim consegue colocar um projeto que vinha alimentando há muitos anos.

"Vamos ficar na mão das empresas mais corruptas e corruptoras do mundo. Elas depõem e matam presidentes. Exemplos mais antigos: Mohamed Mossadeg, no Irã, deposto e preso em perpétua; O Enrico Mattei foi assassinado, porque nacionalizou a Internazionale de Hidrocarbura, na Itália; o Jaime Roldós, do Equador. Os mais recentes foram o assassinato do Saddam Hussein, no Iraque; o Muammar Kadafi, da Líbia; e está tentado derrubar na Síria (Bashar Assad). Esse cartel internacional são as empresas que causam as guerras mundiais, desde a Primeira Guerra, e que vão assumir o pré-sal."

Siqueira afirma que todos os países que entregaram o seu petróleo para essas empresas estão na miséria: Gabão, Angola e Nigéria, e o Brasil agora corre esse o risco.

"O Parente (Pedro Parente, atual presidente da Pertrobras), como presidente do Conselho, fazia parte do plano de desnacionalizar a Petrobras, chegando inclusive tentando mudar o nome para Petrobrax. O Parente veio agora para continuar a obra: ele não vai privatizar a Petrobras; vai desmontá-la e deixa-la como uma empresa sem nenhum objetivo. Ele está vendendo a BR, um dos ativos mais importantes e que gera o melhor fluxo de caixa para a Petrobras e que leva combustíveis aos confins do Brasil, lugares onde as outras não vão."

Siqueira lembra que, quando o combustível nacional está mais caro no Brasil do que no exterior, as outras distribuidoras compram lá fora, enquanto a BR compra da Petrobras. Segundo ele, se a BR for privatizada, os novos donos vão comprar no exterior, deixando as refinarias ociosas e prejudicando imensamente o emprego no país. É um absurdo completo a venda da BR.

"O Parente vendeu a malha de gasoduto do Sudeste. Malha de gasoduto é monopólio natural, porque ninguém constrói segunda malha para concorrer com aquela. Então você vende um monopólio natural para uma empresa de especulação estrangeira, a Brookfield, empresa investidora de mercado de ações, que pertence a um grupo de fundos de pensão do Canadá e dos EUA. A Petrobras vai agora pagar aluguel para um monopólio estrangeiro." 

Para o vice-presidente da Aepet, o objetivo de Parente é desmontar a Petrobras e inviabilizá-la. Com isso, coloca o pré-sal à disposição do cartel internacional. 

"A Noruega administrou perfeitamente seu petróleo, se transformou do segundo país mais pobre da Europa em país mais desenvolvido do mundo. Nos últimos cinco anos, a Noruega foi o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do planeta. Tudo isso com as reservas de petróleo que eles têm. O Brasil, que descobriu agora uma província petrolífera que o coloca entre a segunda e a terceira reservas mundiais, está abrindo mão disso, porque o José Serra apresentou um projeto ao Congresso que desobriga a Petrobras de ser operadora do pré-sal. Como o Pedro Parente vendeu o segundo melhor campo do pré-sal, o Carcará, qual o interesse que ele vai ter em participar dos futuros leilões não sendo mais obrigado?"

O coordenador da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Emanuel Cancela, segue a mesma linha de raciocínio do vice-presidente da Aepet.

"Esse pacote da maldade, dos tucanos, foi tentado ser implementado no governo Fernando Henrique na década de 90. Primeiro eles tentaram privatizar a Petrobras, enfrentaram uma greve de 32 dias, a maior da história da empresa, e recuaram. Conseguiram sim quebrar o monopólio estatal do petróleo, e nas unidades de negócio que eles transformaram a Petrobras, para vender fatiado, eles só conseguiram vender 30% da refinaria do Sul (Refap), que depois foi retomada pelo governo Lula, percentual que estava na mão da Repsol."

Para Cancela, o anúncio anúncio da venda de controle da BR não tem nada de novo. 

"É o velho entreguismo, a privataria tucana que está de volta. Como fizemos na década de 90, vamos enfrentar esses entreguistas. Há cerca de 20 dias, fizemos uma caravana da FNP, que foi muito exitosa, teve uma participação grande das unidades das refinarias de São Paulo, São José dos Campos e do litoral paulista, atrasando a entrada do expediente. Agora estamos aprovando, além da greve em discussão com a FUP (Federação Única dos Petroleiros), ocupações em todas as unidades, denunciando esse entreguismo do governo Michel ‘Shell’ Temer e do Pedro Parente, ‘o gerente do atrasão’."

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