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Brasil de olho no bolo de investimento dos BRICS

© Saulo Cruz/PRBrics IED
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Relatório da Agência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Comércio (Unctad, na sigla em inglês) prevê que os países integrantes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) devem crescer cerca de 10% este ano, algo em torno de US$ 290 bilhões. E o Brasil quer um pedaço desse bolo.

Ainda segundo o estudo, China e Índia devem atrair a maior parte desse investimento estrangeiro direto (IED), aquele aplicado em atividades produtivas, como abertura de empresas e fábricas, fusões e aquisições de companhias. Para muitos especialistas, a fragilidade atual da economia brasileira pode ter um aspecto positivo nesse sentido.

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O professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP) Simon Silber afirma que a economia em recessão tem uma atratividade menor para o investimento estrangeiro porque o mercado está encolhendo ao invés de expandindo, o que diminui o interesse no Brasil. Por outro lado, como a crise é grande e atinge alguns setores de infraestrutura muito importantes, o preço desses ativos, dessas empresas está muito baixo. Silber diz que está havendo uma entrada forte de capital estrangeiro no Brasil. Para este ano é, segundo ele, é esperado uma entrada de US$ 65 bilhões, o que deixará o país provavelmente  atrás apenas de China e Hong Kong.

Dados da Unctad revelam que em 2015 o Brasil recebeu US$ 65 bilhões em IED, valor um pouco menor que os US$ 73 bilhões registrados em 2014. Apesar disso, o interesse do investidor estrangeiro está aumentando. Só no primeiro semestre deste ano houve uma alta de 80% no número de fusões e aquisições no país. Em 2015, esses aportes na América Latina e no Caribe — excluindo as transferências bancárias para offshores — somaram US$ 168 bilhões. Para este ano, contudo, afora o Brasil, a projeção é de um recuo entre 10% e 15% na chegada desse capital à região.

Silber diz que o Brasil poderia atrair mais investimento externo, porque o país tem algumas peculiaridades  que China e Índia não têm: os dois países são muito mais segmentados, com muitos idiomas, tradições e regimes políticos diferentes. Ainda assim ele admite que, mesmo com um sistema politicamente fechado, a China, desde os anos 90, tem sido a maior captadora de investimento direto.

"O Brasil teria que fazer uma série de reformas. A China pode fazer isso muito mais rápido na medida em que é um partido unitário. A Rússia também tem um sistema político muito mais centralizado do que o nosso. Apesar de o governo Temer estar jogando todas as fichas em ajustes e reformas, é preciso esperar um ano e pouco para ver se isso acontece. Caso aconteça, o Brasil tem chances de atrair um pouco mais de capital estrangeiro pelo tamanho do mercado, uma única língua, o mesmo padrão cultural, por estar na área de influenciado Hemisfério Ocidental. Se olharmos os últimos 15 anos, o Brasil está no topo entre os captadores de investimento direto."

Quanto à origem do investimento, o professor da USP não tem dúvida de onde viria grande parte. 

"Os chineses estão fazendo uma farra aqui. Estão comprando o setor elétrico e vão entrar pesado no pré-sal, porque têm pouco petróleo. Já entraram pesado na África." 

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