A 8.ª Conferência de Cúpula dos BRICS, realizada em Goa, na Índia, no último fim de semana, reforçou no especialista Diego Pautasso a convicção de qual deve ser o principal parceiro do Brasil no grupo: “A China é este país. Apesar de se falar muito na Índia, creio que as atenções do Brasil devam focar na China.”
Especialista em BRICS, Diego Pautasso, que é professor da Universidade do Vale dos Sinos e do Colégio Militar de Porto Alegre, explica as razões pelas quais vê a China como principal parceiro do Brasil no bloco:
"Não há dúvida de que a Índia apresenta um crescimento econômico de grande potencial, mas minha tendência é achar que o relacionamento mais forte do Brasil, no âmbito dos BRICS, é com a China. Claro que desvinculado inteiramente dos aspectos estratégicos e ideológicos dos Governos Lula e Dilma Rousseff, mas um relacionamento voltado para as questões comerciais e de infraestrutura. A China é o segundo maior emissor de Investimento Externo Direto no Brasil e tem interesses vitais nos setores energético, agrícola e estratégico do Brasil. E o Brasil, por sua vez, tem todo o interesse em se relacionar com aquele mercado. Por isso, acredito num relacionamento prioritário do Brasil com a China dentro do grupo BRICS."
Em relação à Rússia, Diego Pautasso diz que o país tem, igualmente, grandes interesses no Brasil:
"Do ponto de vista político, a Rússia se apresenta como um contraponto à hegemonia dos Estados Unidos, privilegiando um relacionamento multilateral. Embora o Brasil de Michel Temer pareça estar mais inclinado a se voltar para Estados Unidos e Europa, não há dúvidas de que o Brasil jamais irá abrir mão das suas boas relações com a Rússia. Então, talvez não caiba falar em afastamento entre Rússia e Brasil, mas, sim, num período de amadurecimento das ligações entre os dois países."