Por enquanto, a Polícia Federal informa que não há previsão para que o ex-presidente da Câmara dos Deputados preste depoimento.
Cunha foi presto na quarta-feira (19), após autorização do juiz federal Sérgio moro, que acatou pedido de procuradores do Ministério Público que atuam na Lava Jato.
O ex-presidente da Câmara é acusado de recebimento de propina, participação em organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sua prisão é por tempo indeterminado, pois segundo Sérgio Moro, por conta dos recursos financeiros que possui, Cunha pode atrapalhar as investigações, além de possível fuga do país, já que tem cidadania italiana.
A prisão de Eduardo Cunha caiu como uma bomba no plenário da Câmara. Lideranças partidária esperam que a prisão do ex-deputado não interfira nas próximas votações na Casa, como a da PEC 241, que limita o teto de gastos públicos e vai ser votada pela segunda vez na próxima semana.
Para o líder do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, de São Paulo, a prisão de Cunha não vai alterar a rotina de trabalho na Câmara.
"A Câmara continua funcionando normalmente. Até porque ele já não tinha ingerência nenhuma na Câmara, na medida em que ele não era mais deputado."
O líder da Rede, deputado Alessandro Molon, do Rio de Janeiro, ressaltou que a prisão de Cunha reafirma que seu partido e o PSOL agiram de forma correta ao pedir a cassação do ex-presidente da Câmara, aprovada em setembro em Plenário. "Foi a cassação que permitiu que essa prisão de hoje ocorresse. Portanto, o Parlamento deu uma contribuição importante ao retirar dele o mandato parlamentar."
Já de acordo com o vice-líder do PT, deputado Henrique Fontana, do Rio Grande do Sul, a prisão do ex-presidente da Câmara pode acarretar em uma grande mudança no cenário político, que resultará na queda do presidente Michel Temer.
"A delação de Cunha provavelmente vai acelerar a queda do governo Temer."
O líder do PPS, Rubens Bueno, do Paraná, analisa a prisão de Eduardo Cunha como uma forma de por fim ao discurso de perseguição seletiva na Operação Lava Jato. "Aqui está claro que o jogo é pra valer. Nós estamos passando o Brasil a limpo. Esse cumprimento da Justiça. A Polícia Federal, o Ministério Público Federal, a Receita Federal está dando esta grande contribuição para o País.”
No entanto, a líder da Minoria, maior bancada de oposição ao governo Temer, deputada Jandira Feghali (PcdoB-RJ) alerta que a prisão do ex-presidente da Câmara não deve servir como oportunidade para calar outras discussões importantes na Casa e muito menos seja determinante para uma possível prisão do ex-presidente Lula, que recentemente virou réu na Lava Jato, ao ser acusado pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
"Obviamente que a prisão do ex-deputado Eduardo Cunha era esperada, até achamos que ela levou um tempo maior do que esta Casa esperava, na medida em que havia provas. O que eu acho é que precisamos ter a preocupação de que isso não seja uma cortina para justificar com uma falsa isenção, a prisão do ex-presidente Lula, que não pode ser feita. Não há fato novo, não há prova, não há nada que o inclua na lista dos réus."
O deputado Daniel Coelho (PSDB-PE) discordou da líder da Minoria e afirmou que a Lava Jato está acima de governo ou partidos políticos. "As instituições funcionaram no período do governo do PT, o PT foi afastado por este Parlamento. Hoje existe um governo do PMDB e as mesmas instituições continuam a funcionar, inclusive prendendo um ex-deputado filiado ao partido do presidente da República. O que demonstra que a Justiça não se submete aos partidos políticos e aos governos."
Antes de ser levado para a Superintendência da Polícia Federal, no Paraná, Eduardo Cunha se manifestou pelas redes sociais classificando sua prisão como absurda, sem nenhuma motivação, e que levou em consideração argumentos de uma ação cautelar extinta pelo Supremo Tribunal Federal.