Em entrevista exclusiva para a Sputnik, a bailarina, coreógrafa e uma das diretoras artísticas da Cia Cisne Negro, Dany Bittencourt contou que o projeto pioneiro no Brasil teve começou em abril e teve como inspiração ações semelhantes que já existem em países dos EUA e da Europa. "A Dança nos Hospitais foi uma ideia nossa, que na Europa e nos Estados Unidos fazem muito e aqui no Brasil quase que nada. E uma companhia profissional levar um trabalho de qualidade, de dança dentro dos hospitais é pioneira mesmo."
Segundo a coreógrafa, de 10 a 12 bailarinos participam das ações, percorrendo os espaços das unidades hospitalares, encenando o balé russo 'O Quebra Nozes', de Tchaikovsky para as crianças, familiares, médicos, enfermeiras, funcionários e quem mais passar pelo local.
"Nós estamos levando 'O Quebra Nozes', foi um pedido do laboratório, e o espetáculo tem vários bonecos, o chinês, o russo, e a música de Tchaikovsky é muito conhecida. Quando colocamos no celular o som baixinho, os bailarinos dançam nos leitos, na frente das pessoas que estão acamadas. Às vezes dançamos no espaço da recepção, onde as pessoas estão aguardando para serem atendidas. Já passamos nas áreas de hemodiálise, em todas as UTIs (Unidades de Terapira Intensiva), áreas oncológicas."
Dany Bittencourt ressalta que a experiência tem sido muito gratificante, onde a troca entre crianças e os bailarinos realmente fazem a diferença, os encorajam naquele momento difícil, sem falar que é verificada uma real melhora no quadro de saúde dos pacientes. "Tem sido uma experiência fascinante, sem palavras para descrever. Nós ganhamos muito mais do que nós damos. A dança chega de uma forma diferente, porque ela traz um outro tipo de arte, ela tem um contato físico. A pessoa vê o bailarino superando as dificuldades físicas."
Entre os momentos mais emocionantes das apresentações pelos hospitais paulistas até agora, a diretora artística da Cia Cisne Negro destacou a passagem pela AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente.
"Nós dançamos na AACD, que foi um momento muito incrível, com pessoas com dificuldades físicas e os bailarinos mostrando habilidades físicas e tudo isso ajuda na recuperação deles. É uma hora em que eles saem daquele momento de tensão e de dor, e simplesmente tem um momento de arte, beleza a frente deles. É encantador os resultados, é indescritível. Sem palavras para dizer a sensação que nós temos com as pessoas assistindo a dança nos hospitais."
Dany ainda cita outro momento marcante que aconteceu esta semana na UTI pediátrica do Hospital Santa Catarina. "A enfermeira e médica de uma paciente falou: nossa, ela não sorria desde o dia que ela está internada aqui, e nós vimos ela hoje sorrindo. Isso já fez com que nós ganhássemos o dia, porque realmente foi muito especial esse momento com várias crianças."
A Cia Cisne Negro completa 40 anos de existência em 2017, e se destaca em voltar seu trabalho, que depende de recursos da iniciativa privada, para levar a dança a qualquer lugar, e Dany Bittencourt ressalta o trabalho educativo e de humanização de levar a arte para todos os públicos, principalmente para aqueles que normalmente não tem condições de ter acesso a esse tipo de espetáculo, como muitas das crianças nos hospitais. "A Companhia circula em qualquer área. Estamos dançando no teatro principal de Nova York, mas também nos apresentamos em cidades pequenas onde o acesso a cultura também é pouco. Às vezes nessas cidades não tem nem teatros, mas nós fazemos questão de ir e levar a nossa arte para que todos tenham acesso a ela."
O projeto 'Dança nos Hospitais', tem o apoio do laboratório Cristália. Inicialmente, a ação vai acontecer em 12 unidades hospitalares de São Paulo, mas com o sucesso das apresentações, Dany espera levar o projeto em breve para o resto do Brasil. "Estou muito feliz com a repercussão que estamos tendo. Só na nossa página no Facebook já foram quase 500 mil visualizações desse projeto, quer dizer, é um alcance enorme, estamos muito felizes, e queremos vida longa para esse projeto."