Chamando Vallisney de Souza Oliveira, de "juizeco", o presidente do Senado, disse que não é porque ele está sendo investigado na Operação Lava Jato, que vai se calar diante da ação da Polícia Federal no Senado. Segundo Calheiros, somente o STF poderia autorizar uma operação da Polícia Federal na Casa, não um juiz de primeira instância.
"A submissão ao modelo democrático, não implica em comportamentos passivos diante desses abusos. A nossa trincheira tem sido sempre a mesma, a Justiça, o processo legal sem temer esses arreganhos, truculência, intimidação. Eu tenho ódio e nojo a métodos fascistas. É uma ADPF no sentido de fixarmos claramente as competências dos poderes, porque um juizeco de primeira instância não pode, a qualquer momento, atentar contra um poder. Busca e apreensão no Senado Federal só se pode fazer por decisão do Supremo Tribunal Federal."
Os policiais legislativos presos são acusados de realizar varreduras em imóveis particulares de senadores para localizar e destruir eventuais escutas telefônicas que foram instaladas pela Justiça, e assim atrapalhar a Lava Jato, que investiga parlamentares em crimes de corrupção.
De acordo com Renan Calheiros, as varreduras feitas pela Polícia Legislativa fazem parte de uma rotina no Senado, mas o presidente do Senado não respondeu à imprensa ao ser questionado sobre os fatos narrados em depoimento feito por um policial legislativo, denúncias que deram origem a essa investigação da Polícia Federal, como por exemplo, as varreduras realizadas em imóveis particulares, da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), e dos senadores Fernando Collor (PTC-AL) e Edison Lobão (PMDB-MA), além do ex-senador e ex-presidente da República, José Sarney.
De forma generalizada e sem dar detalhes, Calheiros disse que todas essas varreduras realizadas fora do Senado passam pela presidência porque ele precisa autorizar os gastos para a ação.
"Publicamente, na forma do regimento regulamentado, uma atividade como rotineira, com equipamentos que já foram pedidos emprestados pela Polícia Federal, você querer vincular isso a uma operação. Eles (senadores) pediram as varreduras logo depois de uma operação de buscas e apreensão da Lava-Jato, porque os senadores se sentiam invadidos na sua intimidade. A maioria das pessoas que requisitaram não são sequer investigadas."
Defendendo a atuação da Polícia do Senado, Renan Calheiros garantiu que todas as 17 varreduras realizadas desde 2003 pedidas por parlamentares, foram feitas de acordo com a Constituição e o regimento interno da Casa. De acordo com o presidente do Senado, em nenhuma das varreduras foram registrada anomalias.