Para justificar suas afirmações, Serra disse que o governo do presidente Nicolás Maduro não cumpriu compromissos assumidos em 2006 para se integrar ao bloco. Ainda segundo o ministro, a Venezuela ainda não assinou um acordo com a Colômbia para intercâmbio nas áreas da indústria têxtil e de siderurgia. Desde o impeachment de Dilma Roussef, as relações entre Brasil e Venezuela só têm se deteriorado. Desde o início do segundo semestre, Brasil, Argentina e Paraguai têm se mobilizado tentando suspender ou mesmo retirar a Venezuela do acordo sob a alegação de que o país descumpre as chamadas cláusulas democráticas.
A opinião do ministro das Relações Exteriores é compartilhada por alguns nomes de peso da diplomacia brasileira. Luis Augusto Castro Neves, que ocupou o cargo de embaixador em postos importantes como Buenos Aires, Londres, Pequim e Tóquio, além da presidência do Ceentro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) endossa as palavras de Serra: "É óbvio que atrapalha mais do que ajuda."
Na visão de Castro Neves, a instabilidade política agrava a situação do país vizinho, que nunca teve compromisso sério com o Mercosul.
"O objetivo do governo venezuelano, à época do Chávez (Hugo Chávez, presidente morto em março de 2013) era ter mais uma tribuna para ele veicular sua mensagem. Não havia nenhum interesse em integrar a economia venezuelana às dos demais do Mercosul, que já tem suas dificuldades em si mesmo. Eles só fizeram uma adesão política. Tanto é que precisaram fazer um artifício, suspender o Paraguai (2012). A própria entrada da Venezuela já tem uma legalidade duvidosa."
Parao embaixador, a Bolívia — outro país de orientação bolivariana, assim como a Venezuela — tem chances de ser aceita no bloco.
'Vai depender efetivamente se o Mercosul quer se transformar numa zona de livre comércio e quem sabe, no futuro, forme um mercado comum, que é, aliás, o propósito do Tratado de Assunção."