Moradores de aldeias libertadas do Daesh falam sobre vida durante comando terrorista

© Sputnik / Hikmet DurgunFelize Mustafa sentada em um carro
Felize Mustafa sentada em um carro - Sputnik Brasil
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No meio da operação de libertação de Mossul por parte do exército iraquiano e forças peshmerga, os habitantes das aldeias, próximas à cidade, fogem em massa dos militantes do Daesh.

Um jornalista da Sputnik Turquia falou com moradores de algumas aldeias libertadas dos terroristas pelas forças peshmerga. A população local contou sobre o que foram obrigados a passar enquanto as suas aldeias estavam sendo controladas pelo Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia). 

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Fezile Mustafa, mulher de 66 anos da aldeia Tabzava, localizada a cinco quilômetros de Mossul, contou a sua história à Sputnik:

“Os meus três filhos, netos e eu conseguimos escapar com dificuldades da aldeia. Junto conosco fugiram mais 130 famílias – quase todos os habitantes. As forças peshmerga entraram na aldeia, as hostilidades duraram quatro dias. Durante todo este tempo, não podíamos sair de casa. Passamos quatro dias sem água e comida. Logo que o Daesh abandonou a nossa aldeia, fomos em direção dos soldados de peshmerga, onde encontramos abrigo. Então, nos dirigimos a Arbil, onde fomos alojados em campos para refugiados”, disse.

© Sputnik / Hikmet DurgunFezile Mustafa durante a evacuação
Fezile Mustafa durante a evacuação - Sputnik Brasil
Fezile Mustafa durante a evacuação
 “O Daesh dominou a nossa aldeia há dois anos. Durante esse tempo, fomos tratados cruelmente. Os terroristas do Daesh até nos proibiram de escutar música e ver televisão. Se uma mulher fosse vista com pelo menos um fio de cabelo a mostra por baixo da burca, ela era punida ao chicote. Por causa do medo, todos tentavam não aparecer na rua quando não houvesse necessidade especial… Fomos proibidos de fumar. Nós fumávamos à noite, escondidos. Parecíamos mortos-vivos”, lamenta. 

Fezile Mustafa, com lágrimas nos olhos, contou como, na sua frente, os militantes do Daesh decapitaram o seu filho:

“Mataram o meu filho ali na praça da aldeia, deceparam a sua cabeça só porque ele serviu à polícia nos tempos do governo do Iraque. Eu vi isso com os meus próprios olhos… Eu implorava para eles repetindo ‘perdoem-no, melhor que me matem no lugar dele’, mas eles não me escutaram. Eles tiraram meu filho de mim. Ele tinha 30 anos, era casado e tinha três filhos.”

Mustafa Hesen, habitante da mesma aldeia, de 36 anos, também escapou do povoado. Ele revelou mais detalhes:

“A crueldade dos militantes do Daesh não tinha limites. Éramos proibidos de fumar, cortar a barba, ver televisão e escutar música. Os Jihadistas nos fizeram obedecer às suas ordens e controlavam a nossa vida de forma detalhada. Graças a Deus os militantes foram expulsos da nossa aldeia. É a única coisa que nos sossega. Queremos muito voltar às nossas casas, mas isso será possível somente se os militantes do Daesh forem completamente destruídos. Se não forem, não poderemos voltar à nossa aldeia porque temos medo de novo ataque.”

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Zeki İbrahim, de 64 anos, que escapou da aldeia Bartilla, revelou os métodos de execuções realizadas pelo Daesh:

“Os que cometiam erro [de acordo com as regras do Daesh] eram punidos na praça central do povoado. Chibatadas e outros tipos de castigo tornaram-se uma prática habitual. Uma vez, eles juntaram todos os habitantes na praça e lançaram do terceiro andar um homem que foi acusado de manter relações homossexuais. Outra vez obrigaram os habitantes a apedrejar até morte uma mulher que cometeu adultério.”

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Pessoas fogem de Mossul por uma rodovia protegida pelas Forças Armadas do Iraque - Sputnik Brasil
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Habitante da aldeia Zeydani, Murad Hemo, que escapou da opressão dos jihadistas, descreveu a vida nas mãos do Daesh da seguinte maneira:

“Vivíamos sob constante opressão e com medo de sermos castigados. Eles controlavam completamente a nossa vida, especialmente no que concerne a roupa e assuntos cotidianos. As mulheres podiam somente mostrar os olhos, todas as outras partes do corpo deviam estar completamente escondidas. As patrulhas especiais femininas do Daesh controlavam a execução de regras pelas mulheres. As descontentes eram castigadas a chibatadas. Os homens que cortavam a barba também eram punidos com pancadas e multas de dinheiro. Os que foram apanhados por cortar a barba pela segunda vez eram levados para prisão e os que cometiam uma contravenção mais ‘séria’, de acordo com as regras dos terroristas, eram condenados à morte.”

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