Um jornalista da Sputnik Turquia falou com moradores de algumas aldeias libertadas dos terroristas pelas forças peshmerga. A população local contou sobre o que foram obrigados a passar enquanto as suas aldeias estavam sendo controladas pelo Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia).
“Os meus três filhos, netos e eu conseguimos escapar com dificuldades da aldeia. Junto conosco fugiram mais 130 famílias – quase todos os habitantes. As forças peshmerga entraram na aldeia, as hostilidades duraram quatro dias. Durante todo este tempo, não podíamos sair de casa. Passamos quatro dias sem água e comida. Logo que o Daesh abandonou a nossa aldeia, fomos em direção dos soldados de peshmerga, onde encontramos abrigo. Então, nos dirigimos a Arbil, onde fomos alojados em campos para refugiados”, disse.

Fezile Mustafa, com lágrimas nos olhos, contou como, na sua frente, os militantes do Daesh decapitaram o seu filho:
“Mataram o meu filho ali na praça da aldeia, deceparam a sua cabeça só porque ele serviu à polícia nos tempos do governo do Iraque. Eu vi isso com os meus próprios olhos… Eu implorava para eles repetindo ‘perdoem-no, melhor que me matem no lugar dele’, mas eles não me escutaram. Eles tiraram meu filho de mim. Ele tinha 30 anos, era casado e tinha três filhos.”
Mustafa Hesen, habitante da mesma aldeia, de 36 anos, também escapou do povoado. Ele revelou mais detalhes:
“A crueldade dos militantes do Daesh não tinha limites. Éramos proibidos de fumar, cortar a barba, ver televisão e escutar música. Os Jihadistas nos fizeram obedecer às suas ordens e controlavam a nossa vida de forma detalhada. Graças a Deus os militantes foram expulsos da nossa aldeia. É a única coisa que nos sossega. Queremos muito voltar às nossas casas, mas isso será possível somente se os militantes do Daesh forem completamente destruídos. Se não forem, não poderemos voltar à nossa aldeia porque temos medo de novo ataque.”
“Os que cometiam erro [de acordo com as regras do Daesh] eram punidos na praça central do povoado. Chibatadas e outros tipos de castigo tornaram-se uma prática habitual. Uma vez, eles juntaram todos os habitantes na praça e lançaram do terceiro andar um homem que foi acusado de manter relações homossexuais. Outra vez obrigaram os habitantes a apedrejar até morte uma mulher que cometeu adultério.”

“Vivíamos sob constante opressão e com medo de sermos castigados. Eles controlavam completamente a nossa vida, especialmente no que concerne a roupa e assuntos cotidianos. As mulheres podiam somente mostrar os olhos, todas as outras partes do corpo deviam estar completamente escondidas. As patrulhas especiais femininas do Daesh controlavam a execução de regras pelas mulheres. As descontentes eram castigadas a chibatadas. Os homens que cortavam a barba também eram punidos com pancadas e multas de dinheiro. Os que foram apanhados por cortar a barba pela segunda vez eram levados para prisão e os que cometiam uma contravenção mais ‘séria’, de acordo com as regras dos terroristas, eram condenados à morte.”