A Procuradoria da República do Distrito Federal enviou denúncia ao juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira, denunciando um esquema que o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado pela Caixa, "favoreceu de forma suspeita" o The Trump Organization.
O empreendimento seria um dos muitos beneficiados na nova zona portuária através de negócios firmados pelo ex-deputados federais Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Alves (PMDB-RN) e o ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto. Recentemente, Cleto assinou acordo de delação premiada no qual afirmou ter recebido R$ 2,1 milhões pelo projeto do Porto Maravilha, ao passo que Cunha teria sido beneficiado com 1,5% do valor total da operação, orçada em R$ 3,5 bilhões.
Cunha ocupava a presidência da Câmara dos Deputados e teve o mandato cassado, estando atualmente preso na sede da Polícia Federal no Paraná, respondendo a diversos inquéritos na Justiça com acusações sobre manutenção de contas no exterior, recebimento de propina em contratos com a Petrobras, entre outros. Henrique Alves chegou a ocupar o Ministério do Turismo. O juiz Vallisney acolheu a denúncia na quarta-feira, 26, e determinou abertura de ação contra o grupo. A A Caixa adquiriu diversos terrenos na zona portuária.
Também na denúncia apresentada à 10ª Vara Federal de Brasília, o procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes cita a Trump Organization em outro investimento lesivo no fundo de pensão Serpros dos funcionários do Serviço Federal de Processamento de Daods (Serpro), vinculado ao Ministério da Fazenda, e no Instituto de Previdência Social do Tocantins (Igeprev). Conforme o procurador, o investimento foi feito através do LSH, fundo de investimento em participações, "que favoreceu a empresa LSH Barra Empreendimentos Imobiliários e o grupo The Trump Organization". O empreendimento na Barra da Tijuca é o Trump Rio de Janeiro Hotel, situado na Avenida Lúcio Meira.
Com relação ao Trump Towers Rio, o projeto foi concebido para ser o maior conjunto de escritórios de todos os países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), dotado de uma série de inovações tecnológicas. Há quatro anos, porém, não há qualquer sinal de obra no terreno. No site da Trump Organization, as duas primeiras torres começariam a ser construídas em 2015 e as restantes seriam entregues em 2018. A recessão econômica que afeta o Brasil há dois anos, contudo, colocou um freio no projeto, com investidores fugindo do mercado imobiliário.
A Sputnik Brasil solicitou entrevista ao procurador Anselmo Lopes, mas a assessoria da Procuradoria da República no Distrito Federal informou que o procurador não poderia dar entrevista nesta altura do andamento do processo. Igualmente procurada, a direção da trump Towers Rio não retornou ao pedido de informações até o fechamento desta edição.