Tóquio não pretende retirar as ilhas Curilas do Sul do acordo americano-japonês de segurança, caso os territórios sejam transferidos para o Japão. A respectiva informação foi divulgada em 31 de outubro no âmbito dos debates na câmara baixa do parlamento pelo premiê japonês Shinzo Abe e pelo chefe do Exterior do Japão Fumio Kishida.
Mesmo assim, parece que os políticos japoneses estão acelerando certos processos, tendo em conta a presença de temas para o diálogo bilateral entre os países ainda mais importantes do que a disputa territorial das Curilas.
Em 29 de outubro, a agência Kyodo informou, citando fontes, que Tóquio poderia oferecer a Moscou garantias de que o acordo de segurança com os EUA não será aplicado àquelas ilhas das Curilas do Sul que seriam entregues ao Japão. Quer dizer, os Estados Unidos não poderiam instalar aí suas bases ou instalações militares.
A agência destacou também que o acordo não está previsto para ser reconsiderado ou ampliado com um artigo sobre "exceções" relativamente às ilhas, mas o premiê, de acordo com as fontes da edição, alegadamente poderia fazer a respectiva declaração após receber permissão para este passo do lado americano.
"Isso não corresponde à verdade", declarou Abe no parlamento japonês.
Nos finais de outubro, o vice-ministro da Defesa russo Anatoly Antonov, durante seu encontro com o embaixador japonês na Rússia Toyohisa Kozuki, mostrou preocupação pelo fato da participação de Tóquio na instalação do sistema de DAM americano na região da Ásia-Pacífico.
Além disso, o Ministério da Defesa russo está preocupado com o fato de que, desde meados de anos 2000, o Japão ter testado juntamente com os EUA um míssil-interceptor, o míssil americano Standard SM-3 e o sistema de DAM AEGIS.
Nesta posição Moscou é apoiada por Pequim, que vê o aumento da DAM na região como uma ameaça ao seu potencial de dissuasão nuclear.
Mas não é só uma questão de princípios, porque o Japão de fato pode representar diretamente uma ameaça ao potencial de dissuasão nuclear russa — especialmente na região entre os mares de Okhotsk e de Barents. Esta região continua sendo a base de posicionamento dos submarinos porta-mísseis russos e é exatamente nela que estão sendo desenvolvidas as atividades das forças navais de autodefesa do Japão. Enquanto os especialistas japoneses dizem que toda essa atividade só tem a ver com oposição à China, os russos não o creem, especialmente existindo a presença de grandes bases de submarinos russos, que recentemente receberam três novos submarinos da classe Borei com mísseis Bulava.
Assim, a questão das ilhas Curilas parece preocupar os especialistas de ambos os lados muito menos do que a segurança nuclear.