Agora, a primeira-ministra britânica Theresa May, que assumiu a liderança do país depois de David Cameron (que tinha prometido abandonar o cargo se o país votasse a favor do Brexit em referendo), tem que lidar até com menções de "traição" por parte de políticos da oposição.
"O meu receio é que só tenhamos um Brexit pela metade. As autoridades vão tentar nos encerrar em um mercado único. Seria uma traição total!", disse Nigel Farage, líder do Partido de Independência do Reino Unido (UKIP) no seu Twitter.
My fear is we now get half Brexit. Establishment will try and lock us inside single market. Would be a total betrayal! pic.twitter.com/Or6lorCt9C
— Nigel Farage (@Nigel_Farage) 4 ноября 2016 г.
A palavra "traição" aparece também em outros tuítes seus, sempre acusando o governo.
The British people are not going to put up with the establishment's Brexit betrayal. https://t.co/U9nkzblNSq
— Nigel Farage (@Nigel_Farage) 4 ноября 2016 г.
Um dos doadores da campanha do UKIP, o milionário Arron Banks, acusou o governo de "declarar guerra à democracia britânica".
"Eles não conseguiram obter a resposta que desejavam, e agora eles vão usar qualquer trapaça suja para sabotar, adiar ou atenuar Brexit", disse Banks.
Há críticas também dentro do próprio Partido Conservador da primeira-ministra. Um dos sinais foi a demissão, logo na sequência da decisão do Supremo, do deputado Stephen Phillips. Ele também tinha votado em Brexit. Na hora de se demitir, ele alegou "divergências políticas significativas" entre ele e o governo.
Ainda em outubro, o jornal britânico The Guardian divulgou uma gravação secreta da qual consta, segundo a edição, que a primeira-ministra mantém um "duplo discurso", se manifestando firmemente pró-Brexit em público, mas guardando outras ideias na sua bagagem.
A gravação foi feita durante uma discussão com representantes da Goldman Sachs. Nela, Theresa May dizia aos investidores que, caso o país votasse pelo Brexit, o Reino Unido iria perder o interesse das empresas internacionais.
"Eu penso que os argumentos econômicos são claros. Eu acho que é importante para nós sermos parte de um bloco comercial de 500 milhões de pessoas. Eu penso, como eu já disse um pouco antes, que um grande número de pessoas vai querer investir no Reino Unido por ser um Reino Unido dentro da Europa", disse ela, entre outras coisas.
Downing Street
No entanto, o gabinete da chefe do governo britânico insiste que ela até telefonou ao presidente da União Europeia, Jean-Claude Juncker, e à chanceler alemã, Angela Merkel, reiterando sua firmeza na saída do bloco em março de 2017.
O gabinete de Theresa May diz também que ela "tem o dedo sobre o gatilho" do artigo 50 do Tratado de Lisboa, documento que prevê a hipótese de saída de um país da União Europeia.