De família humilde, Ana Clara conquistou a vaga para o Curso de Dança Clássica, após concorrer com mais de 650 crianças de 25 estados brasileiros, além do Distrito Federal, da Argentina e do Paraguai.
Em março deste ano, a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil completou 16 anos de existência, tendo como proposta formar artistas cidadãos, através da arte-educação, proporcionando o desenvolvimento cultural às crianças das camadas mais carentes da sociedade brasileira.
Em entrevista exclusiva para a Sputnik, a menina contou que os primeiros passos na dança começaram aos 8 anos, quando conseguiu uma bolsa no polo Pro Paz, um projeto social, no bairro da Sacramenta, em Belém. Neste projeto, Ana Clara frequentou não só as aulas de balé como também fez aulas de ginástica rítmica e até capoeira.
"Foi por um projeto do Pro Paz, quando eu comecei com oito anos. Desde aí eu comecei a gostar. Foi uma oportunidade muito grande passar aqui, uma felicidade imensa para mim e para minha família."
Com a suspensão momentânea do projeto social, uma professora da ação social percebendo o talento da jovem bailarina continuou incentivando seu desenvolvimento em um estúdio de balé, onde também conseguiu uma bolsa para dançar. O local a preparou para encarar o grande desafio de chegar à Escola de Balé do Bolshoi. "A minha professora de ginástica rítmica viu que não era para eu ficar parada, porque eu era muito boa. Ela me levou para o estúdio de balé de uma ex-aluna dela. Eu tive uma meia bolsa, e com meu esforço eu passei."
Mesmo sabendo que ia competir com muitas outras crianças e jovens, Ana Clara disse que não se deixou abater, tinha certeza que ia conseguir.
"Foi muito difícil. Por um lado eu pensei que não ia passar, porque eram muitas meninas, mas na mesma hora que eu pensava que não ia passar eu estava muito confiante, porque eu treinei muito, eu me esforcei muito e a minha professora me ajudou também muito."
As aulas na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil começam em janeiro de 2017, quando Ana Clara vai ter que lidar com um novo desafio, a saudade de morar longe dos pais, de quem nunca se separou antes, pelo menos até a família ter condições de se mudar também para continuar incentivando de perto a carreira da jovem bailarina. "A saudade vai ser grande, mas eu vou tentar, porque é meu sonho e vou lutar para conseguir. Eu vou me tornar uma bailarina profissional, e me formar para ajudar minha mãe e meu pai."
Além de ensino gratuito, Ana Clara e outros selecionados vão receber da Escola Bolshoi benefícios como alimentação, transporte, uniformes, figurinos, assistência social, orientação pedagógica, assistência odontológica preventiva, atendimento fisioterápico, nutricional e assistência médica de emergência/urgência pré-hospitalar.