Os pais da criança só não sabiam que iam encontrar tanta solidariedade de amigos e de desconhecidos no Brasil e no exterior, para apoiá-los ao longo dessa luta de delicadas cirurgias e tratamentos pelos quais Henri passa desde que nasceu.
Em entrevista exclusiva para a Sputnik, Carolina explicou que começou com o empreendimento virtual do 'Brigadeiro do Bem' em um momento de desespero em que seu plano de saúde não ia arcar com todos as despesas necessárias para que o menino pudesse seguir com seu tratamento. Segundo a mãe do pequeno Henri, devido a Síndrome de Down, na hora de se alimentar, o menino aspirava o leite ao invés de engolir, e as sessões de fono o ajudam a se alimentar melhor.
"O Henri estava em uma situação muito difícil internado no hospital, tinha acabado de passar por dois procedimentos cirúrgicos e para ele conseguir sair do hospital, ele precisaria voltar a mamar com segurança, sem aspirar o leite. Me foi indicado ir atrás de uma fonoaudióloga já meu plano não iria cobrir o atendimento dela no hospital. Eu fui atrás e descobri que precisaria pagar as consultas, no mínimo cinco, R$ 100 cada. A ideia surgiu, porque nós não tínhamos de onde tirar esse dinheiro. Pensamos até em vender as coisas de casa para levantar o valor. Como eu sei fazer brigadeiro e é uma coisa que eu gosto de comer, eu resolvi vender, porque sei que é uma coisa que todo mundo gosta também."
Com a ajuda do marido e outro casal de amigos, Carolina, que também é maquiadora e esteticista, explicou que o negócio inicialmente só tinha sido divulgado em um grupo fechado, nas redes sociais, de mulheres de Ribeirão Preto, cidade onde a família mora, com cerca de 100 mil integrantes. Porém, a campanha de solidariedade para ajudar Henri foi sendo compartilhada surpreendendo os pais do menino. "Eu fiquei muito surpresa, porque em princípio eu postei em um grupo secreto. Na minha cidade, Ribeirão Preto, nós temos um grupo de mulheres no Facebook, que tem mais de 100 mil mulheres presentes e as meninas me pediram autorização para postarem fora do grupo, e aí quando foi para fora da página delas eu tive mais de 300 compartilhamentos na postagem que eu mesma fiz e que elas publicaram, fora os outros meios de notícias. Eu esperava vender no máximo vinte caixas de brigadeiros, cerca de R$200 que eu ia conseguir, o resto íamos dar um jeito de inteirar, mas em menos de 24 horas eu consegui vender setenta caixas de brigadeiros. Eu, meu marido e um casal de amigos nossos nos ajudou a fazer, tudo isso em uma noite."
Grata com tanta ajuda, a mãe do pequeno Henri afirma que sem a venda dos doces, que seguem a todo vapor, o tratamento do menino estaria comprometido, o que poderia colocar em risco a sua vida. Por mês os gastos com a criança gira em torno de R$ 1300, que incluem as sessões de fono, fisioterapia, plano de saúde, além de oito medicamentos diários e ainda leite especial.
"Se não fosse o Brigadeiro do Bem, nós não conseguiríamos todos esses tratamentos que ele faz. Além do uso das medicações, que ele toma oito medicações por dia, ele toma leite especial, porque ele é alérgico a lactose. São uma série de coisas que o Brigadeiro do Bem entrou para ajudar mesmo"
A luta dos pais de Henri continua. A criança passou por uma cirurgia paliativa para a cardiopatia congênita, mas Carolina explica que assim que ele ganhar peso vai precisar passar por um novo procedimento cirúrgico. "O Henri fez duas cirurgias, a primeira foi corretiva de um outro problema que ele tinha, e a segunda ele fez uma cirurgia paliativa, que é feita quando o bebê ainda não está pronto para fazer a corretiva. O Henri agora precisa ganhar peso, que é o esperado depois que ele faz essa cirurgia, quando ele tiver com sete quilos, nós vamos nos programar para ele fazer uma outra cirurgia, que é a corretiva mesmo, uma cirurgia mais complexa. Mas agora o coração dele está estabilizado, está com uso de medicações, está bem e ganhando peso aos poucos, e não teve mais pneumonia. É só aguardar ele ganhar peso e manter ele estável."
Em tempos de crise, Carolina lembra que em meio a momentos de desesperança com as dificuldades para tratar Henri, a família tem recebido tanto carinho e conforto em tantos rostos desconhecidos, que isso os mantem cada vez mais fortalecidos para continuar lutando para garantir o bem estar do filho. "As vezes ficamos um pouco sem esperanças sobre as pessoas, tanta coisa que vemos, tanta notícia ruim, só que eu confio tanto em Deus e aprendi que uma folha não cai sem ter um porque. O Henri não veio à toa, eu fico bastante emocionada, porque é assim que nós vemos como nós somos queridos, apesar das pessoas nem nos conhecerem pessoalmente. Eu agradeço do fundo do coração, porque graças a todo mundo que compartilhou, que comprou o Henri está em casa, está com os melhores atendimentos possíveis e nós temos pessoas muito queridas próximas agora, que samos que podemos contar. A mensagem que eu deixo é para nunca desistir, de confiar em Deus e ainda acreditar nas pessoas, que o ser humano é bom."