Existem lugares no mundo que nos surpreendem com a quantidade de tesouros da civilização que concentram. Um desses lugares é a terra santa da Palestina, um berço de culturas e religiões, uma área de longos sofrimentos por confrontos e antigos conflitos, um lugar de memória histórica e peregrinação incessante. A história da Palestina é inspiradora. Algumas das mais importantes correntes espirituais e políticas da região do Oriente Médio, e da civilização como um todo, convergem aqui. É por isso que a minha vinda aqui é muito mais do que uma simples visita estrangeira.
Moscou valoriza muito as relações amistosas de décadas entre a Rússia e a Palestina. Apoiamos o povo palestino desde a era soviética e sempre pedimos uma solução justa para a questão palestina com base nas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e nas decisões da Assembléia Geral.
O Oriente Médio hojé é o cenário de eventos dramáticos e de tragédias humanas. A falta de visão da parte de certos líderes, que falharam em orientar suas nações para o caminho do desenvolvimento moderno, e a irresponsabilidade e egoísmo de outros líderes, que decidiram que tinham o direito de interferir nos assuntos internos dos outros para alcançar seus próprios fins, transformaram esta região potencialmente muito próspera em uma zona de conflito. O terrorismo e os conflitos sectários estão ameaçando todos os países não só nesta parte do mundo, mas praticamente em todos os lugares. Mas é aqui que devemos começar a desenrolar os desentendimentos entrelaçados que são uma fonte de instabilidade em todo o mundo.
É extremamente importante acelerar a retomada do diálogo palestino-israelense para finalmente resolver a questão da coexistência de dois Estados iguais. Moscou nunca abandonará essa posição de princípio.
O relacionamento do nosso país com a Palestina começou oficialmente em 30 de novembro de 1974, quando Yasser Arafat, presidente do Comitê Executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP), visitou Moscou. Em 1976, a OLP abriu uma missão permanente em Moscou, que foi transformada em Embaixada do Estado da Palestina em 1990.
Nossa cooperação bilateral tem se desenvolvido em muitas áreas. O presidente palestino Mahmoud Abbas visitou Moscou em uma troca confidencial de para uma troca de opiniões confidencial com a liderança russa em uma ampla gama de questões regionais e internacionais. Os principais líderes russos visitaram a Palestina três vezes. O Presidente Vladimir Putin visitou Ramallah em Abril de 2005 e Junho de 2012. Tenho boas lembranças da minha visita à antiga cidade de Jericó em Janeiro de 2011. Tive a honra de inaugurar o Complexo de Parques e Museu da Rússia, que foi construído em terra comprada pela Rússia no século XIX. A grande relíquia e o ornamento deste lugar é um sicômoro que é conhecido como Árvore de Zaqueu e é mencionado nos Evangelhos. Como um presente para o povo palestino, foi construído um complexo multifuncional na Rua Vladimir Putin, em Belém.
Estamos focados na expansão da cooperação econômica. Naturalmente, é difícil contornar os fatores desfavoráveis criados pela situação militar e política desafiadora e pela instabilidade geral na região. Mas nossos esforços encontraram certo sucesso. Em abril de 2015, criamos a Comissão Intergovernamental Rússia-Palestina sobre Comércio e Cooperação Econômica e esperamos que ela dê uma grande contribuição para o desenvolvimento de nossa parceria comercial bilateral.
Apesar do volume de comércio modesto, há uma dinâmica positiva. Por exemplo, em 2015, o volume de comércio bilateral cresceu 2,3 vezes em comparação com 2014. Além disso, um regime de tratamento mais vantajaso para as exportações palestinas foi estabelecido em países membros da União Econômica da Eurásia (Rússia, Bielorrússia, Cazaquistão, Armênia, Quirguistão), suspendendo os direitos aduaneiros sobre as importações com esta integração de 180 milhões de consumidores. Nos últimos anos, foram assinados diversos acordos intergovernamentais e interinstitucionais que vão fortalecer a cooperação bilateral.
A Palestina encontra-se numa situação difícil e Moscou fornece regularmente uma assistência financeira substancial numa base bilateral e através de organizações internacionais. Ao longo dos últimos anos, de acordo com a prática estabelecida, a Rússia forneceu recursos financeiros significativos à Palestina para fazer cobrir as suas despesas orçamentais correntes: um total de 40 milhões de dólares foram disponibilizados para estes fins em 2006, 2008, 2010 e 2013.
Em 2015, foram entregues à Palestina mais 5 milhões de dólares para reconstrução na Faixa de Gaza, que foi danificada pelo ataque israelense em julho e agosto de 2014. Em resposta ao pedido de Mahmoud Abbas, em agosto de 2014, o governo russo forneceu fundos para adquirir medicamentos e equipamentos médicos para a população do enclave palestino, que era essencialmente isolada do mundo exterior.
A Rússia também financiará a modernização do centro histórico e religioso de Belém: a renovação da rua Star adjacente à Igreja da Natividade. Entre outras coisas, trata-se de nossa responsabilidade civilizacional pelo destino dos santuários cristãos na Palestina. Somos gratos à liderança palestina por sua enérgica assistência em nosso esforço para restabelecer e fortalecer a presença cultural e histórica russa na Terra Santa. Há três projetos de referência lá. Em Belém, em terra dada pelas autoridades palestinianas à Sociedade Palestina Imperial Ortodoxa, financiamos a construção de um centro russo de ciência e cultura. Em 2014 foi aberta uma escola secundária para meninos. É oferecido um curso de russo desde 2015. Vou trazer livros de texto em língua russa para escolas palestinas quando eu for à Palestina para uma visita.
A liderança palestina e todo o povo palestino enfrentam numerosos e urgentes desafios que são agravados pela atmosfera geral de incerteza que prevalece no Oriente Médio hoje. O Estado palestino, ainda jovem e passando pelo difícil processo de formação, é especialmente vulnerável. Gostaria de oferecer garantias de que a Rússia tem sido e continuará a ser um amigo fiel para o povo palestiniano. Faremos tudo o que pudermos para o bem-estar e a segurança do seu país.