"Este estado de emergência foi um sucesso político do governo, porque mesmo a oposição teve que votar nele, e, em seguida, votar pela sua extensão. Este estado de emergência, que pela Constituição tem um limite de tempo, gradualmente se torna permanente", comentou o especialista.
"[Estado de emergência] não pode impedir ataques, especialmente cometidos por aqueles que já foram registrados. Quero lembrar o caso dos dois jovens que esfaquearam um padre na igreja, que estavam sob prisão domiciliar, usando uma pulseira eletrônica. Para alguém que decide matar o outro, e depois morrer, tudo isso não faz qualquer diferença", frisou o escritor.
Segundo ele, o estado de emergência impediu a prisão de futuros jihadistas e terroristas, o que poderia ser feito em condições normais. "Em termos de eficiência, não impediu o ataque terrorista terrível em Nice", acrescentou.
Para Huyghe, o estado de emergência é, acima de tudo, para tranquilizar a população e mostrar que as autoridades estão fazendo alguma coisa.
"Tenho a impressão de que o estado de emergência não reduziu a taxa de criminalidade na França, nem no que diz respeito aos crimes terroristas, nem em relação aos crimes comuns", disse o pesquisador.
O estado de emergência foi declarado após os ataques terroristas de 13 de novembro em Paris, que deixaram 130 mortos. Em julho deste ano, ele foi prorrogado por mais seis meses.
O decreto permite que a polícia buscas e vigilância sem passar pelos tribunais, e coloque em prisão domiciliar qualquer pessoa suspeita de "atividade perigosa para a segurança e ordem públicas”.