A visita, que terminou nesta segunda-feira (14) e cujo foco seria a celebração de um acordo entre a empresa pública espanhola Navantia e o Ministério da Defesa saudita e, com o aval do governo espanhol, a assinatura de um contrato no valor de 2 bilhões de euros para compra de 5 corvetas. Além disso, foi desbloqueada a venda de projéteis de artilharia de 155 milímetros ao preço de 40 milhões de euros, que o governo espanhol tinha mantido suspenso.
O perito também explica que uma ligação que existe entre os wahhabitas sauditas e o grupo terrorista Daesh, assim como outros similares, tais como a Frente Fatah Al-Sham (ex-Frente al-Nusra), mostra que este país árabe, antigamente através da Turquia e agora de modo direto, é quem fornece armamentos a estes grupos. Como eles costumam usar artilharia leve em alguns casos, agora será exatamente a Espanha a fornecer as munições.
É de assinalar que a Arábia Saudita é um dos maiores compradores de armamentos espanhóis. Em 2015, o valor total de importações militares, inclusive de aeronaves de reabastecimento aéreo, somou 546 milhões de euros. Isto apesar do fato de o Parlamento Europeu ter proibido aos Estados membros de prestar apoio militar a Riade.
Assim, o país árabe “pode usar estes armamentos de duas maneiras: ou agudizar o conflito sírio continuando fornecendo equipamento militar aos terroristas, ou utilizá-los na guerra do Iêmen. Em qualquer dos casos, estas armas serão utilizadas fora do país”, indica Morales Delgado em uma entrevista à Sputnik Mundo.
Neste sentido, Morales Delgado considera que a visita do rei ao país árabe é uma questão apenas de negócios, e se Filipe VI chegar a mencionar o problema da violação dos direitos humanos, ele o fará somente depois da assinatura de todos os contratos previstos.
“Claro que a Arábia Saudita é uma monarquia absoluta que, para vergonha de todo o mundo, está presidindo ao Comitê de Direitos Humanos da ONU. Lá continuam se efetuando decapitações, repressão estatal, a mulher é tratada como um animal. Lá se cortam braços, cabeças, se crucificam pessoas. A Espanha não está precisando de tal ‘aliado’, mais que isso, este país não deveria estar na lista dos primeiros que o rei visita após a cimeira Ibero-americana”, frisa o acadêmico.
“Filipe VI nos faz recordar que os reis são a vergonha da história, e a Casa de Saud é a vergonha dos reis”, concluiu.