"No regime de metas de inflação adotado aqui, a trajetória da taxa de juros é ditada pelo comportamento inflacionário. A inflação está passando por um período de recuo significativo e, na medida em que convergir para a meta de 4,5%, a taxa de juros deve ser reduzida e tem que ser reduzida. Qualquer análise que proponha uma manutenção de taxa de juro muito alta é exagerada e descolada dos fundamentos do regime de metas de inflação", defendeu o economista.
Para o professor, o Conselho de Política Monetária (Copom) — que define a fixação da taxa — deve se manter nas correções no campo fiscal e não no campo monetário, destacando ainda que "manter taxas de juros elevadas nesse contexto não é cautela, é burrice".
Efeito Trump
Robson disse ainda que, mesmo com o relatório tendo sido fechado antes da eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, as condições macroeconômicas não devem mudar substancialmente a ponto de invalidar a análise do FMI.
Para o economista, a sacudida sentida nas economias de países emergentes tem mais relação com especulação. "O mundo vive um período de taxas de juros negativas tanto na Europa quanto no Japão e mesmo a eleição do Trump não vai reverter essa onda de liquidez internacional, pelo contrário", acredita.
O professor descartou ainda a possibilidade de interferência ativa do FMI por enquanto, já que o Brasil possui reservas internacionais significativas para passar por turbulências econômicas no mercado internacional.