"Devido às condições severas, a Antártida é provavelmente um dos lugares mais duros para os paleontologistas trabalharem", informou o comunicado da Universidade do Chile. "No entanto, precisamente por isso, e por a informação ser escassa, as novas descobertas podem ser muito premiadas. Em 2010, uma expedição de cientistas chilenos à ilha Seymour enfrentou condições do tempo muito difíceis. Só nos últimos dias do trabalho de campo, depois de caminhadas terríveis com lama até aos joelhos, eles conseguiram fazer uma descoberta sensacional em rochas com 66 milhões de anos: Os restos fósseis do crânio de um mosassauro, um lagarto gigante marinho".
O crânio do lagarto carnívoro atinge mais de um metro. Os cientistas principais creem que é o maior animal conhecido a habitar esta região.
"Kaikaifilu é um novo lagarto gigante marinho (mosassauro) descoberto nas rochas da Antártida, com 66 milhões de anos. Ele tem cerca de 10 metros de comprimento e é o maior carnívoro marinho deste continente. Viveu no fim da era dos dinossauros quando a Antártida era um ecossistema mais quente e nele viviam répteis marinhos", segundo o comunicado.
Os mosassauros não são dinossauros, mas parentes próximos dos lagartos de hoje que viviam principalmente no oceano. Ao contrário dos lagartos que nós conhecemos, estas espécies tinham membros semelhantes a barbatanas e caudas longas para poderem nadar.
"A cada vez maior diversidade dos répteis marinhos do Cretáceo aumenta no hemisfério sul está mudando lentamente o paradigma histórico. Desde o século XIX, muitos fósseis de répteis do sul tinham sido atribuídos a espécies do hemisfério norte. Neste sentido, o Kaikaifilu é mais um exemplo deste paradigma.
Os registos no sul têm poucos crânios de mosassauros, a maioria deles foi encontrada na Nova Zelândia. No sul da América do Sul e na Antártida, os mosassauros são especialmente raros. Daí a relevância do novo espécime, que mostra um parentesco distante em relação aos mosassauros do hemisfério norte", escreveu Rodrigo Otero, um dos autores do estudo.
"Antes desta pesquisa, os restos de mosassauros conhecidos da Antártida não forneciam evidência da presença de predadores gigantes como o Kaikaifilu, em um ambiente onde os plesiossauros eram especialmente abundantes. O novo achado complementa um elemento ecológico esperado do ecossistema antártico durante o último período do Cretáceo", disse Otero.