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Trump vem aí e o Brasil refaz as contas, para menos

© Rafael Neddermeyer/Fotos PúblicasTrump impactos
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Donald Trump só assume a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro, mas as incertezas sobre as medidas que pretende implantar já fazem o governo brasileiro rever as contas, e para menos. Reunidos com investidores em Nova York, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o Brasil precisa preparar ajustes o mais rápido possível.

Segundo o ministro, a perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2017 será revista para baixo. A nova estimativa, que será divulgada na semana que vem, deve girar em torno de 1,13%, abaixo do 1,6% previsto há pouco tempo. Há quatro semanas, as próprias projeções do mercado financeiro para a economia do ano que vem — retratadas pela Pesquisa Focus do Banco Central junto às 100 maiores instituições financeiras do país — vêm baixando seguidamente. De quase 1,7% há alguns meses, recuaram para 1,6% e agora para 1,2%. Para este ano, as projeções preveem uma retração de 3,7%. Para Meirelles, com a posse de Trump, o país precisa estar forte para enfrentar flutuações políticas e econômicas.

Em entrevista à Sputnik Brasil, Celso Toledo, economista e sócio da E2 Economia.Estratégia, compartilha da opinião do ministro, embora faça algumas ressalvas.

"Não é só o Trump. Quando houve a mudança de governo (no Brasil), você tinha razão para ficar otimista, já que as políticas econômicas anteriores não estavam dando certo e haveria uma mudança, mas também havia uma razão para ficar cauteloso — a herança que você estava pegando. Ninguém sabia exatamente o tamanho do estrago. Vemos que o mercado de crédito está ainda muito apertado, o que dificulta a recuperação. No meio dessa travessia complicada, cheia de desafios, acontece uma pertubação dessas que ninguém estava imaginando. O Efeito Trump, aumenta um pouco a incerteza mesmo."

Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles - Sputnik Brasil
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Meirelles diz que para país crescer governo precisa fazer a lição de conter gastos

Com relação à expectativa de que Trump possa alterar alguns tratados já assinados no âmbito do comércio exterior, o economista prevê que um impacto direto do viés protecionista deve ser mais sentido, num primeiro momento, sobre países como Canadá, México, China, uma vez que eles representam uma fatia significativa do comércio exterior americano. Na visão de Toledo, o impacto direto para o Brasil tende a ser de segunda ordem. 

"O problema é que a onda protecionista é ruim para o mundo. Esse, sim, é o efeito negativo para o Brasil. Juros mais altos lá fazem com que a estrutura de juros do mundo inteiro acabe acompanhando. A expectativa tanto do ponto de vista do comércio quanto dos juros tende a afetar negativamente o Brasil. É torcer para que a política expansionista do Trump pelo menos promova uma retomada um pouco mais rápida da economia americana. O ministro está sendo realista. Otimismo e pessimismo dependem de como você compara. Só o fato de o Brasil ter a previsão de um crescimento modesto no ano que vem já é um avanço perto do que poderia ser."

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