Refugiados: futuro secretário-geral da ONU critica Europa

© AP Photo / Emilio MorenattiImigrantes recebem alimentos em campo de refugiados da cidade de Calais, no norte da França
Imigrantes recebem alimentos em campo de refugiados da cidade de Calais, no norte da França - Sputnik Brasil
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O futuro secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, que sucederá Ban Ki-moon, disse que a Europa e o mundo em geral precisam rever suas políticas de acolhimento de migrantes.

As declarações de António Guterres foram prestadas durante solenidade na Universidad Europea em Villaviciosa de Odón, na Comunidade de Madri, Espanha, na qual o ex-primeiro-ministro de Portugal e ex-diretor do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) foi homenageado com o título de Doutor Honoris Causa.

Na ocasião, Guterres, que estará à frente da Secretaria-Geral da Organização das Nações Unidas a partir de 1 de janeiro de 2017, enfatizou diversos aspectos das Relações Internacionais mas se deteve na delicadíssima questão dos problemas de acolhimento que refugiados e migrantes em geral estão enfrentando em países da Europa e de outros continentes.

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António Guterres destacou o que chamou de "incapacidade da Europa em encontrar uma forma organizada e equilibrada de acolher os refugiados", acrescentando que "o caos criado, fruto desta incapacidade europeia, ajudou a gerar a rejeição aos refugiados entre uma parte da opinião pública". Diz Guterres que "o mau exemplo começou na Europa e estendeu-se por todo o mundo", acrescentando considerar importante "estabelecer um sistema internacional de integração que exija mais ajuda humanitária e mais prevenção".

Ao analisar para a Sputnik Brasil as declarações de António Guterres, o professor de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília, Creomar de Souza, afirma que elas são um alentador prenúncio de que sua política como secretário-geral da ONU será das melhores, do ponto de vista humanitário:

"Eu creio que há dois elementos importantes na fala de António Guterres. O primeiro é uma honra à sua própria biografia. Guterres teve uma posição de destaque no ACNUR e agora será secretário-geral da ONU. Ele está deixando claro que, com a Europa unificada, seu legado civilizacional deveria estar voltado para a solidariedade. E, no entanto, Guterres mostra que a Europa falhou no momento mais difícil, o da crise humanitária. O segundo elemento sobre o qual, a meu ver, devemos refletir é o da política global."

O Professor Creomar de Souza conclui:

"Neste momento, há uma guinada em países da Europa e de outros continentes para a direita mais extremada, que tem um forte discurso anti-imigração. Neste momento, a fala de António Guterres surge como uma tentativa de dizer que há pessoas e instituições no cenário internacional preocupadas com esta situação, que não vão se incomodar de por o dedo na ferida, dizendo aos governos dos vários países que eles devem fazer sua parte. Afinal, não dá para ser meio solidário, meio preocupado, meio engajado ou meio envolvido. Tem que se fazer isso de maneira integral."    

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