"Até agora, a comunidade internacional estava cega e não notou o fato de que as armas são redirecionadas para as regiões abrangidas pelo conflito", disse o representante do CAR, James Bevan. Membros do grupo CAR estão trabalhando nos bairros recém-resgatados do Daesh e recolhendo fotos e vídeos, diz a emissora BBC.
Junto com sua pequena equipe, Bevan esteve na cidade iraquiana de Karakosh, perto de Mossul, recentemente libertada dos militantes. Durante a inspeção a uma das casas foram encontradas caixas de munições vazias. As caixas, por regra, têm números de série e números de lote, que permitem identificar a origem das armas.
The so-called Islamic State seem to have no shortage of weapons but where do they get them from? Full report on #BBCNewsTen pic.twitter.com/2P7uagmMDx
— BBC News (UK) (@BBCNews) 21 ноября 2016 г.
A cidade de Karakosh é predominantemente cristã. Uma das igrejas, profanada pelos militantes, foi usada como paiol e fábrica de produção de armas. No chão havia peças para a produção de foguetes e perto de uma bacia com produtos químicos — instruções manuscritas para o fabrico de explosivos. No edifício da igreja os membros do CAR também encontraram sacos com produtos químicos industriais que são vendidos apenas no mercado interno da Turquia. "As redes de compras deles atingem o sul da Turquia, e provavelmente eles têm uma relação muito forte com alguns dos grandes fornecedores", disse Bevan. Às vezes CAR obtinham provas de que de três a cinco mil sacos com produtos químicos tinham o mesmo número de lote. Isto significa que alguém comprou de uma vez metade da produção dessa fábrica.
Os pesquisadores foram surpreendidos pela velocidade com que as armas chegavam às mãos do Daesh — algumas vezes ocorriam apenas dois meses desde a data de fabricação.
Em setembro, o jornalista alemão Jurgen Todenhofer, autor de uma entrevista controversa com o líder da organização terrorista Frente Fatah al-Sham (Frente al-Nusra), acusou os EUA do fornecimento de armas e apoio aos radicais islâmicos. "É absolutamente claro que os americanos estão cientes de que, no final, sua ajuda militar chega aos terroristas", disse Todenhofer em uma entrevista ao RT.
Mais tarde, o chanceler russo, Sergei Lavrov, assinalou a possível relação dos EUA com grupos terroristas. Em uma entrevista à BBC World, ele admitiu que Washington pretenda utilizar os terroristas dentro do plano para derrubar o presidente sírio, Bashar Assad.
Por sua vez, o Departamento de Estado dos EUA, o Pentágono e outras estruturas apresentaram repetidamente seus desmentidos, declarando que eles nunca forneceram qualquer ajuda aos terroristas.