A competição, que acontece anualmente, será realizada entre os dias 29 de janeiro e 5 de fevereiro de 2017, e é voltada para jovens bailarinos que tem o sonho de seguir uma carreira profissional na dança.
Em Abril deste ano, os bailarinos já tinham sido escolhidos para participarem de outro concurso tão importante quanto, o "Youth America Grand Prix" (YAGP), em Nova York, nos Estados Unidos. Através desse concurso Denilson ganhou sete bolsas de estudos em escolas de dança internacionais e Jônatas ganhou duas.
De origem humilde, o carioca do bairro de Santa Teresa, Jônatas Soares, de 15 anos e o mineiro, mas que mora em Honório Gurgel, na Zona Norte do Rio, Denilson Almeida, de 16 anos iniciaram deram os primeiros passados na arte do balé aos 8 anos, através do Projeto Social "Dançar a Vida", da Escola de dança "Petite Danse", que fica na Tijuca, Zona Norte da cidade.
Ainda surpreso por ter conseguido a seleção, Denilson Almeida contou em entrevista exclusiva para a Sputnik, que a oportunidade de participar do Prix de Lausanne é única, onde vai poder ter contato com os melhores mestres da dança, diretores de escolas do mundo toda e bailarinos de diversas outras nacionalidades.
"Estou extasiado até agora. Vão escolas do mundo inteiro, diretores, primeiros bailarinos. É incrível."
Já Jônatas Soares, ainda não acredita ter consigo uma vaga para o concurso na Suíça. "Eu filmei a minha aula pensando que eu não ia conseguir. Eu era o único que achava que eu não ia passar, mas quando chegou o resultado eu morri de alegria, todo mundo chorou de alegria, porque nós dois tínhamos passado."
Sobre a importância do projeto Social “Dançar a Vida”, da Escola de dança "Petite Danse" na vida dos dois jovens, que os tornam exemplos de vida para outras crianças que como eles não teriam recursos suficientes para custear uma educação na dança, Denilson afirma que ter entrado na ação social e o apoio da escola para sua formação tem sido a coisa mais importante de sua vida.
"O projeto foi a coisa mais importante desde que eu comecei o balé. Primeiramente, eu não sabia que balé era uma coisa tão cara, de difícil acesso para os brasileiros, ainda mais aqueles de baixa renda. Quando a diretora artística, Nelma Darzi, da Petite me apresentou o projeto foi um alívio, porque eu sempre tive renda muito baixa. Ela sempre me ajudou com alimentação, passagem, pois por morar longe eu pego trem, metrô e um ônibus todo dia para chegar aqui, além disso Nelma sempre me deu suporte de aulas, ensaios, as sapatilhas, os figurinos, que custam quase R$ 700,00 por ano e até suporte médico."
Desde pequeno Jônatas disse que sempre gostou de dança, mas o "street dance" chamava sua atenção, o balé surgiu de repente com a oportunidade do projeto social, pois sem a escola não teria condições financeiras para seguir com a dança.
"Eu sempre gostei de dança, mas meu foco nunca foi balé, eu gostava de street dance, mas no meio do nada o balé surgiu na minha vida. O projeto me ajuda desde pequeno com os custos para sapatilha, shorts, blusas e eu não tenho recursos para nada disso. Minha mãe não tem dinheiro para isso tudo."
Para conseguir garantir se destacar no concurso de dança na Suíça a rotina dos jovens tem sido de muito trabalho e dedicação, sem muito tempo para vida social com os amigos, mas os dois bailarinos garantem que todo esse sacrifício vale a pena. "É muita pressão, porque nós estamos fazendo aulas desde de manhã até à noite. Nós não paramos, não temos descanso, às vezes é só uma horinha para lanchar e depois voltamos para o ensaio e aula atrás de aula. Os amigos chamam para praia, shopping, mas não dá para ir por causa dos ensaios, mas vale muito a pena, porque eu quero ser bailarino. Se nós queremos alguma coisa, temos que ir até o final", afirmou Jônatas.
Denilson também ressalta que nessa reta final para a competição, o momento de preparação é decisivo, valendo cada minuto de esforço ou passeios perdidos.
"Agora nós não podemos parar é abrir mão de passeio, abrir mão de faltar aula, abrir mão até das dores para fazer aula e ensaiar bastante, não tem mais corpo mole, mas vale muito a pena. Nós passamos por isso em Nova York (no concurso YAGP), foi muito difícil essa viagem, mas quando chegamos no palco e vê aquilo tudo, quando a adrenalina passa é a coisa mais deliciosa do mundo."
Após as competições do YAGP e o Prix de Lausanne cada vez mais os dois jovens bailarinos brasileiros só pensam em cada vez mais agarrar todas as oportunidades para conseguiram o objetivo final que é integrar grandes companhias de dança fora do país e também de ajudar a outras crianças e jovens conquistar seus sonhos na dança.
"Meu sonho é ir para uma grande companhia e ajudar as pessoas que tem esse sonho também de ser bailarino, porque eu sei e todos sabem como é uma coisa difícil. Eu tenho o sonho de olhar para trás e falar que passaria tudo de novo, que valeu muito a pena," diz Denilson.
Apesar de todos os desafios que a dança tem no Brasil, os bailarinos deixam como mensagem para os jovens mais humildes, que pensam que nunca vão conseguir nada na vida, que não desistam. "Eu quero dizer para vocês nunca desistirem do sonho de vocês, porque no futuro vocês vão olhar para trás e ver como foi o sacrifício de chegar onde você vai estar", afirmou Jônatas.
Como é de outro estado, para Denilson além da dança, da performance melhor do seu corpo, o balé lhe deu também uma família. "Não desistam, vale muito a pena. A recompensa no final é muito grande. O balé além de te dar uma estrutura física muito boa, ele te dá uma família. Aqui eu tenho amigos que vou levar para a vida inteira, são pessoas que te ajudam e se importam com você. Isso é muito bom, por isso não desistam, porque tudo no final vai valer muito a pena."