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Dallagnol diz que anistiar 'Caixa 2' é anistiar a corrupção e a lavagem de dinheiro

© Vladimir Platonow/Agência BrasilDeltan Dallagnol
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O coordenador da Força Tarefa da Operação Lava Jato pelo Ministério Público em Curitiba, Deltan Dallagnol criticou nesta segunda-feira (28) a articulação que está ocorrendo no Congresso para anistiar crimes de Caixa 2, durante debate na Fundação Getúlio Vargas, no Rio.

Para Dallagnol, a anistia à prática de caixa 2 proposta de maneira informal em uma emenda que circulou no Congresso, é, na verdade conceder a anistia à corrupção e à lavagem de dinheiro.

"O modo como estava escrito aquele crime de 'Caixa 2' na verdade era uma anistia a crimes de corrupção e lavagem de dinheiro o que é muito mais grave. É claro que o Congresso é absolutamente soberano para discutir e aprovar o que ele quiser, mas nós não temos como concordar que isso seja um avanço no sentido ao combate à corrupção no nosso país, pelo contrário nos parecia um grande retrocesso."

Onyx Lorenzoni - Sputnik Brasil
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Relator das medidas anticorrupção teme que projeto seja descaracterizado
Citando a operação Mãos Limpas, sobre a corrupção na Itália, o procurador afirmou que essa foi a manobra "mais radical" que ele já viu contra uma investigação. O coordenador da Força Tarefa da Operação Lava Jato lamentou a retirada de alguns itens do projeto original na Câmara, como por exemplo, a prisão preventiva para facilitar a recuperação de recursos desviados.

Dellagnol, comemorou a reação da sociedade sobre a tentativa de anistia, mas ainda se diz preocupado de que outras propostas semelhantes voltem a pauta no Congresso.  

"Essa foi a manobra mais radical que eu vi, mais radical do que aquilo que aconteceu na Itália sob forma da reação de um sistema contra uma investigação. Eu não acredito que o Parlamento esteja encampando isso. Eu acredito que isso foi a reação de determinados investigados, de determinadas pessoas contra a investigação. O que me preocupa em relação a tudo isso é que é possível sim que em razão da reação popular este texto especificamente não venha ser votado nesse momento, mas o mesmo anseio que foi expressado por meio desse texto continua latente e vai se expressar de outros modos na história em breve."

De acordo com Dellagnol, é importante que sejam realizadas as mudanças nas leis para garantir o combate a corrupção e a impunidade no país. "A probabilidade da punição da corrupção  o Brasil é de 3%, ou seja, 3 a cada 100 casos de corrupção são punidos, e 97 em cada 100 casos não são punidos. E se você acha que naqueles 3% a pessoa ainda vai para a cadeia você está enganado, normalmente, a pessoa vai prestar serviços para a comunidade ou doar cestas básicas."

Outra preocupação do procurador é quanto a proposta de criar um crime específico para juízes e promotores de justiça. Para Deltan isso poderia ser conhecido como o "Projeto da Intimidação".

O projeto de lei que trata das medidas anticorrupção está previsto para ser votado nesta terça-feira (29) na Câmara dos Deputados.


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