A administração do presidente eleito, Donald Trump, deve ter cautela com as promessas que a Rússia está fazendo, afirmou o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), John Brennan, em uma entrevista divulgada na quarta-feira (30), alegando que Moscou tinha falhado em agir em conformidade com seus compromissos no passado.
Ao falar da situação na Síria, ele afirmou que a Rússia continua crucial para a resolução da crise, embora ela tenha sido "desonesta" na sua tática de negociação e não esteja disposta a celebrar um acordo para pôr cobro às hostilidades.
"Eu não tenho a certeza que os russos cedam até que sejam capazes de alcançar tantos sucessos táticos no campo de batalha quantos forem possíveis", comunicou Brennan.
Ao longo da sua campanha eleitoral, Trump sugeriu várias vezes uma cooperação mais estreita com a Rússia em uma série de assuntos.
Na terça-feira (29), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, e Trump partilham as mesmos linhas gerais na abordagem da política externa, apesar de discordâncias em detalhes.
Em sua entrevista à BBC publicada nesta quarta-feira (30), o chefe da CIA também advertiu o presidente eleito, Donald Trump, para não descartar o acordo nuclear com o Irã, falando que as consequências disso seriam "desastrosas".
Brennan explicou que tal decisão poderia resultar no reforço dos radicais iranianos. Isso também pode levar outros países a começar desenvolvendo seus programas nucleares, disse.
"Penso que seria desastroso. Seria realmente… Primeiramente, seria inédito que uma administração destruísse um acordo feito pela anterior administração", disse o chefe do serviço de inteligência norte-americano.
"Eu acho que seria uma idiotice extrema se a próxima administração rasgasse este acordo", adiantou.
O acordo entrou em vigor em janeiro de 2016, após a Agência Internacional de Energia Atômica ter confirmado oficialmente que o Irã estava cumprindo seus compromissos estabelecidos pelo acordo.
Ao longo da eleição presidencial de 2016 nos EUA, Trump criticou ferozmente o acordo nuclear com o Irã, chamando-o de um dos piores na história.