Fundada em 1956, a Celg-D atende a 237 cidades goianas em um total de 2,6 milhões de unidades que consomem 2,4% da energia elétrica gerada no país. A companhia vinha enfrentando sérios problemas financeiros há anos e foi federalizada no ano passado. A distribuidora foi eleita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) como a pior distribuidora brasileira em 2014 e 2015.
A Eletrobrás, que detinha 50,93% do capital da empresa, tem outras seis distribuidoras na fila para serem privatizadas: Companhia Energética do Piauí (Cepisa), Companhia Energética de Alagoas (Ceal), Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre), Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron), Boa Vista Energia e Amazonas Distribuidora de Energia.
A CUT em Goiás reagiu negativamente ao anúncio de venda da distribuidora. A vice-presidente da entidade no estado, Ieda Leal, disse que a privatização da Celg, a primeira da gestão Temer, é o início de um plano entreguista do patrimônio brasileiro ao capital internacional.
"É sempre bom lembrar, em tempos de recuperar a nossa democracia, que o governo golpista agora vai viver de pequenos golpes, e este é um grande golpe dado a todo o povo goiano. Esse leilão vendendo a Celg-D é uma característica desse governo, que o tempo todo tem tentado entregar as nossas riquezas para o capital internacional. Houve propostas para que se mantivesse a Celg nas mãos do povo goiano, fazendo toda uma elaboração de proposta para sobreviver, mas infelizmente a gente não consegue êxito num governo que não nos representa. Estamos muito tristes com isso."
A dirigente da CUT-GO prevê que cada vez mais os leilões irão atrair o interesse de italianos, chineses e outros grupos interessados em explorar as riquezas brasileiras, na medida em que essas empresas só pensam só em extrair o lucro, o que vai inviabilizar o desenvolvimento de projetos.
"Os municípios dependem hoje da energia que a Celg repassa. Com essa venda, a tendência é que haja imediatamente um aumento da tarifa. Seria o contrário em um governo que pensa no bem estar social em que ele precisaria repassar energia com um custo menor para que todo o mundo pudesse viver melhor. Este povo que hoje está dentro do governo e que vende a Celg para os italianos vai vender as outras tecnologias também. Esse povo acredita que a terceirização será a via para poder inviabilizar a vida dos trabalhadores. Temos hoje um projeto no qual não acreditamos."
Ieda diz que a saída será a organização da população.
"Temos que nos organizar para denunciar e tentar barrar essas situações, já que a gente não pode confiar muito no Judiciário. Vamos ter que ir para a rua e lutar e muito."