O presidente iraniano, Hassan Rouhani, afirmou que Teerã e Moscou continuariam cooperando na guerra síria até que "o objetivo final de erradicar o terrorismo e restaurar a paz e segurança total na região seja alcançado", comunicou no sábado (3) a agência de notícias governamental iraniana IRNA.
Este foi o comentário feito pelo líder iraniano durante seu encontro com o enviado especial russo para a Síria, Aleksandr Lavrentiev, em Teerã. O presidente do Irã destacou que a situação na Síria pode ser resolvida apenas através de um diálogo político e do respeito total pela vontade do povo sírio, o qual, segundo disse o líder iraniano, deverá ter a última palavra na decisão do futuro do país.

Mark Weber, diretor do Instituto de Análise Histórica norte-americano, sublinhou porém que sem a ajuda da Rússia e do Irã o governo sírio "não teria sido capaz de sobrevier".
Ao conceder uma entrevista ao canal de TV iraniano Press TV, que emite 24h em inglês, ele destacou que a aliança existente entre a Rússia e o Irã serviu de fator crucial que impediu os EUA de mudarem sua política na Síria.
"É cada vez mais evidente para as pessoas em todo o mundo que a política dos EUA para tentar derrubar o governo do presidente Bashar Assad falhou. Ela se baseia em um erro de cálculo muito grande cometido pela administração de Obama e não vai funcionar. A única maneira de avançar é uma aliança cada vez mais forte e estreita entre a Rússia, o Irã e a Síria", disse Weber.
Weber reiterou que sem a participação da Rússia e do Irã no conflito sírio o mundo seria "testemunha da expansão de elementos extremistas e terroristas", adiantando que este fato "é amplamente reconhecido por todo o planeta".

O historiador observou que os peritos estão agora tentando adivinhar como é que a nova administração atuará após tomar posse no mês que vem, em Washington, e que mudanças, se as houver, ela trará ao Oriente Médio.
Durante a sua campanha eleitoral, segundo diz o analista, Donald Trump deu sinais contraditórios quanto ao conceito da futura política norte-americana na região, portanto isso "é uma grande questão para todo o mundo".
Em um comentário à parte sobre o assunto, o cientista político francês, Bruno Tetrais, sugeriu que foi Washington que "abandonou o campo voluntariamente" na Síria e "deu lugar à Rússia", tornando Moscou em um ator "incontornável" na resolução da atual crise.
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Em sua entrevista ao jornal francês Le Monde, ele acrescentou que isso aconteceu "por aos países ocidentais lhes faltar vontade, sobretudo aos EUA, para intervir a sério no conflito".
Ao mesmo tempo, no domingo (4) o Ministério da Defesa russo divulgou um comunicado dizendo que unidades armadas do Exército Livre da Síria abriram fogo no bairro de Salah al-Din, em Aleppo, usando sistemas de lançamento múltiplo de foguetes.
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O documento refere que ao longo das últimas 24h os militantes de grupos terroristas como o Daesh e a Frente Fatah al-Sham (ex-Frente al-Nusra) têm efetuado ataques contra uma série de zonas habitadas na província de Aleppo.
A Press TV iraniana notou, porém, que o Exército Sírio, que tomou o controle total de Aleppo oriental, tem por objetivo expulsar os militantes do leste da cidade, o que seria "um golpe devastador contra os grupos terroristas aí presentes".