Opinião: recém-eleito presidente austríaco entende que 'importância da Rússia aumentará'

© REUTERS / Heinz-Peter BaderO candidato presidencial austríaco Alexander Van der Bellen, que é apoiado pelos Verdes, pronuncia seu discurso durante o comício eleitoral final em Viena, Áustria, 2 de dezembro de 2016
O candidato presidencial austríaco Alexander Van der Bellen, que é apoiado pelos Verdes, pronuncia seu discurso durante o comício eleitoral final em Viena, Áustria, 2 de dezembro de 2016 - Sputnik Brasil
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Na Áustria foi eleito um novo presidente federal. Mas o que se pode esperar de Alexander Van der Bellen? Sputnik Alemanha perguntou a Franz Fischler, presidente do Fórum Europeu de Alpbach, político austríaco e antigo comissário da Agricultura da UE.

Sputnik Alemanha: Senhor Fischler, hoje venceu o bom senso?

Franz Fischler: Eu acredito que hoje, em certa medida, o bom senso prevaleceu. Em qualquer caso, no resultado das eleições a razão teve mais importância do que as emoções.

SA: O senhor espera ações ativas do novo presidente?

FF: Espero que ele seja um presidente muito ativo. A Áustria precisa de um presidente ativo, tendo em conta a situação em que estamos na Europa e dentro do nosso próprio país. Mas o presidente não pode dirigir diariamente o governo federal ou os governos estaduais, isso seria completamente errado.

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Ele também não deve comentar tudo, mas se se trata de questões fundamentais da nossa sociedade ou da discussão da necessidade de desenvolvimento posterior do Estado, nesse caso o presidente deve expressar sua opinião. Aqui vem à mente o nosso ex-presidente Kirchschlager que, como alguns presidentes alemães, falava de uma maneira extremamente preventiva e dizia que é preciso drenar os pântanos de corrupção, e que a Áustria deve participar mais ativamente na política mundial. É algo assim que eu espero do novo presidente federal.

SA: A própria campanha eleitoral já diz muito. Van der Bellen se manifestou, por exemplo, sobre fronteiras abertas e o acolhimento de refugiados. Será que ele poderá alcançá-lo e a Áustria será capaz de alcançá-lo?

FF: Ele não falou só sobre o fato de a fronteira ser aberta e qualquer um poder entrar no país, ele a cada momento explicava que este processo deve ser devidamente regulamentado. Primeiro de tudo, mesmo no âmbito da sua campanha pré-eleitoral, Van der Bellen apontou que ele, de fato, espera uma solução pan-europeia deste problema e que a Áustria não será obrigada a contar com suas próprias forças durante muito tempo. Assim, o ponto de vista dele não é diferente da posição dos outros países europeus. Mas, como da parte do seu oponente a cada momento se ouviam argumentos a favor do fechamento das fronteiras, em resposta ele avisava que isso não é tão fácil de fazer, porque temos obrigações perante os outros países da UE.

SA: Norbert Hofer é considerado como um amigo da Rússia e muitos esperavam uma melhoria das relações. O que esperar a este respeito de Van der Bellen?

FF: Na linguagem diplomática alemã, isso soaria assim: essa é uma declaração unilateral. O Sr. Hofer chamou a si mesmo de amigo da Rússia, mas do lado oposto eu praticamente não ouvi nenhuma reação de resposta. Eu acho que o Sr. Van der Bellen também está ciente de que a importância de Moscou vai continuar aumentando e não enfraquecendo. Eu também acho absolutamente possível que ele não partilhe da opinião que, às vezes, expressam os norte-americanos em relação à Rússia, chamando-a de potência regional. Essa apreciação não só é incorreta de fato, mas é mesmo perigosa. Eu não acho que o nosso próximo presidente irá pensar dessa forma tão insensata.

SA: O tema da UE desempenhou na corrida pré-eleitoral um papel significativo. Se entre a população do país há realmente uma insatisfação com a União Europeia, como Van der Bellen poderia resolver este problema?

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FF: Eu não acho que o presidente federal pode mudar sozinho a UE — ele nem sequer será capaz de mudar radicalmente a atitude dos austríacos em relação à União Europeia. O governo deve desempenhar o papel principal, e neste aspecto o país está passando por dificuldades reais. Não só na Áustria, mas na maioria dos países da UE, existe uma certa tendência para os chefes de governo, falando em Bruxelas, falarem de forma absolutamente diferente daquela que usam depois, no seu próprio país, interpretando as decisões que lá foram tomadas. Se lá se passa algo que não os satisfaz, eles fingem frequentemente que nem sequer estavam presentes quando isso aconteceu. Todas estas circunstâncias, que podem ser definitivamente chamadas de desvios do caminho correto de desenvolvimento, não podem ser alteradas radicalmente pelo presidente federal, mas ele pode chamar a atenção da opinião pública para elas e fazer os seus comentários.

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