Sputnik Alemanha: Senhor Fischler, hoje venceu o bom senso?
Franz Fischler: Eu acredito que hoje, em certa medida, o bom senso prevaleceu. Em qualquer caso, no resultado das eleições a razão teve mais importância do que as emoções.
SA: O senhor espera ações ativas do novo presidente?
FF: Espero que ele seja um presidente muito ativo. A Áustria precisa de um presidente ativo, tendo em conta a situação em que estamos na Europa e dentro do nosso próprio país. Mas o presidente não pode dirigir diariamente o governo federal ou os governos estaduais, isso seria completamente errado.
SA: A própria campanha eleitoral já diz muito. Van der Bellen se manifestou, por exemplo, sobre fronteiras abertas e o acolhimento de refugiados. Será que ele poderá alcançá-lo e a Áustria será capaz de alcançá-lo?
FF: Ele não falou só sobre o fato de a fronteira ser aberta e qualquer um poder entrar no país, ele a cada momento explicava que este processo deve ser devidamente regulamentado. Primeiro de tudo, mesmo no âmbito da sua campanha pré-eleitoral, Van der Bellen apontou que ele, de fato, espera uma solução pan-europeia deste problema e que a Áustria não será obrigada a contar com suas próprias forças durante muito tempo. Assim, o ponto de vista dele não é diferente da posição dos outros países europeus. Mas, como da parte do seu oponente a cada momento se ouviam argumentos a favor do fechamento das fronteiras, em resposta ele avisava que isso não é tão fácil de fazer, porque temos obrigações perante os outros países da UE.
SA: Norbert Hofer é considerado como um amigo da Rússia e muitos esperavam uma melhoria das relações. O que esperar a este respeito de Van der Bellen?
FF: Na linguagem diplomática alemã, isso soaria assim: essa é uma declaração unilateral. O Sr. Hofer chamou a si mesmo de amigo da Rússia, mas do lado oposto eu praticamente não ouvi nenhuma reação de resposta. Eu acho que o Sr. Van der Bellen também está ciente de que a importância de Moscou vai continuar aumentando e não enfraquecendo. Eu também acho absolutamente possível que ele não partilhe da opinião que, às vezes, expressam os norte-americanos em relação à Rússia, chamando-a de potência regional. Essa apreciação não só é incorreta de fato, mas é mesmo perigosa. Eu não acho que o nosso próximo presidente irá pensar dessa forma tão insensata.
SA: O tema da UE desempenhou na corrida pré-eleitoral um papel significativo. Se entre a população do país há realmente uma insatisfação com a União Europeia, como Van der Bellen poderia resolver este problema?