Nesta tarde, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro deu início à votação da parte menos polêmica do pacote de Luiz Fernando Pezão, aprovando o fim da frota de carros oficiais e a proibição de sessões solenes no plenário no turno da noite, medidas que deverão diminuir os custos na Casa. Também na sessão de hoje, os deputados derrotaram o destaque que pretendia isentar secretários que ganham acima do teto da proposta de corte de 30% em seus salários, resultado descrito como uma vitória importante da oposição por Marcelo Freixo.
"A gente está aqui para derrotar o governo, como derrotamos hoje. Hoje o governo foi derrotado aqui numa votação importante, e o supersalário dos secretários não será mais pago, porque a gente estava aqui enfrentando o governo", afirmou, acrescentando que os trabalhadores do estado tinham razão em protestar contra o "pacote horroroso" do governo.
Em meio a bombas e tiros do lado de fora da Alerj, o parlamento fluminense resolveu antecipar o calendário de votação do pacote, decidindo que todas as medidas deverão ser votadas até o próximo dia 12, não mais no dia 15.
"A gente quer tentar derrotar o governo em tudo. Agora, vamos ver, uma batalha a cada dia", acrescentou Freixo.
Para o deputado Carlos Minc, também entrevistado pela Sputnik, o governo errou ao não se prevenir, ao não se planejar melhor em um momento prévio de "vacas gordas".
"A crise bateu à porta, as pessoas estão sem receber, e o pacote acaba centrado muito em cima dessas pessoas", disse Minc, acusando o Palácio Guanabara de não esclarecer "questões de corrupção grave" e não apresentar um rumo claro para a população.
"Não basta a gente derrotar o pacote. Tudo indica que a gente vai derrotar, mas tem que encontrar uma saída, porque senão a gente derrota o pacote mas não tem dinheiro no fim do mês."
"O conjunto das medidas tem uma direção: servidor público e as parcelas mais empobrecidas da população", disse o parlamentar, destacando que o governo estaria excluindo aqueles que, justamente, mais precisam do serviço público e das políticas sociais de inclusão e promoção da cidadania.
Guerra civil?
Do lado de fora da Alerj, antes, durante e depois da votação do pacote de Pezão, muitos manifestantes se reuniram na região central do Rio de Janeiro para demonstrar sua insatisfação com os caminhos propostos pelo governo para enfrentar a grave crise financeira no estado. O ato, que começou de maneira pacífica ainda no turno da manhã, rapidamente se transformou em um grande conflito entre trabalhadores e agentes das forças de segurança.
"Estamos aqui contra esses ataques que estão sendo promovidos pelo governador Pezão. Eu, como servidor federal, estou me solidarizando com a luta dos servidores estaduais, porque esse é o mesmo ataque que estamos recebendo a nível federal, que é a PEC 55", declarou Ribeiro. "Só o fato de você ter a Assembleia Legislativa toda militarizada, com Força Nacional, Tropa de Choque… Essa é a casa do povo! O povo que tinha que estar lá dentro, acompanhando as votações. O que está acontecendo aqui nada mais é do que uma autodefesa, uma resistência dos trabalhadores contra esses ataques econômicos e ataques da repressão."