Kirchner discursou nesta sexta-feira na companhia da ex-presidente Dilma Rousseff em São Paulo, e manifestou críticas ao neoliberalismo e debateu sobre os fracassos da esquerda latino-americana, que permitiu a ascensão da direita no continente, particularmente no Brasil e na Argentina.
As duas políticas participaram em São Paulo da conferência "A luta política na América Latina hoje", promovida pela Fundação Perseu Abramo, para discutir o futuro do continente. As duas falaram ao público reunido na Casa de Portugal para defender os legados sociais de seus governos e a necessidade de mobilização para que as conquistas enumeradas por elas — a queda da desigualdade como a principal — não se percam. Ambas também criticaram o neoliberalismo e a "grande mídia".
A ex-presidenta brasileira, que perdeu o cargo sob a acusação de ter maquiado contas — as famosas pedaladas fiscais —, criticou "a desregulamentação da atividade financeira, a intensificação da privatização, a redução da presença do Estado na economia", todas políticas atribuídas por ela aos governos que antecederam as gestões do PT no Brasil. Repetindo o que dizia quando ainda era presidenta, Dilma atribuiu a desaceleração da economia brasileira a fatores externos, como a queda no preço das commodities, e internos, como a seca e a crise política, "que começou no dia seguinte da eleição, quando eles [opositores de seu Governo] pediram recontagem dos votos".
Ao falar do Governo Temer, Dilma chamou o impeachment de golpe, criticou a PEC do teto de gastos e condenou a "reforma ultraconservadora da Previdência".