Usando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a OIT calcula que, em termos nominais, os salários brasileiros foram, em média, de R$ 1,9 mil por mês em 2013, R$ 2 mil em 2014 e R$ 2,1 mil em 2015. Até 2012, contudo, segundo o estudo, a renda do brasileiro vinha apresentando crescimento, embora abaixo da média mundial. Os aumentos foram de 4% em 2012, 1,9% em 2013 e 2,7% em 2014.
Na análise da OIT, a desaceleração da renda tem impacto muito grande nas famílias, o que é sentido em toda a economia. Para o ano que vem, segundo as projeções da entidade, o cenário não é muito diferente.
O diretor de Pesquisas da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), Eduardo Velho, lembra que em 2015, após o represamento artificial de preço no governo Dilma, de 2013 a 2014, houve um tarifaço de energia elétrica, da gasolina que impactou fortemente o poder de compra do consumidor.
"Além disso, como tivemos represamento cambial em 2014, você aumentou muito o custo da importação que teve efeito também sobre a percepção de renda. Em 2016, com a recessão já em curso, o grande impacto do reajuste já tinha acontecido em 2015. Só que com as demissões adicionais e com mais gente disponível no mercado de trabalho isso provoca a redução do salário real."
Velho observa que 2016 foi um ano muito ruim de negociações salariais, ao contrário de 2012, quando as negociações atingiram o pico e tiveram um impacto positivo nas viagens internacionais dos brasileiros. Já no ano passado e neste o que se viu foi exatamente o contrário. O economista observa ainda que, com o aumento das demissões, há menos barganha do trabalhador e, consequentemente, maior é a queda do salário real.
"Olhando para 2017, se tem uma redução mais acentuada da inflação, já houve a grande correção das tarifas públicas, aquela inflação represada já foi ajustada. Pelo lado das tarifas públicas e dos preços administrados, não há percepção de uma grande queda real adicional. Pelo contrário. A inflação de serviços também vem caindo, porque o custo da mão de obra também já se ajustou bastante. A tendência nos próximos meses é de uma certa estabilização da queda."
Apesar das previsões, Velho acredita que o desemprego vai continuar subindo pelo menos até março ou abril, mais próximo de 13%, mas espera que em 2017 a queda do rendimento real se estabilize.