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Trump vence nos EUA, mas perde no Brasil

© AP PhotoDonald Trump hotel Rio
Donald Trump hotel Rio - Sputnik Brasil
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Vitorioso na corrida presidencial nos EUA, Donald Trump não tem tanta sorte no Brasil. Após ser alvo de investigação criminal sobre investimentos feitos por dois pequenos fundos de pensão no Trump Hotel Rio de Janeiro, a Organização Trump decidiu se retirar do empreendimento, na Barra da Tijuca.

A propriedade, de frente para o mar com 170 quartos e localizada perto do Parque Olímpico, era gerenciada pela empresa imobiliária do presidente eleito, embora nenhum dinheiro da Organização Trump tenha sido investido no negócio. O Trump Hotel Rio não comenta se a decisão tem algo a ver com a investigação.

O procurador federal Anselmo Lopes disse que o tamanho, a estrutura e o risco de investimento no hotel, cujo proprietário é a LSH Barra Empreendimentos Imobiliários, era suspeito.

"É necessário verificar se o favoritismo mostrado pelos fundos de pensão (cujos nomes não foram revelados) em relação à LSH e à Organização Trump foi devido a pagamentos ilícitos e propina", disse Lopes por ocasião da abertura das investigações.

Os planos para construção do hotel foram anunciados em 2014 e a previsão é que ele fosse concluído a tempo da realização dos Jogos Olímpicos, em agosto deste ano. Os constantes atrasos, contudo, só permitiram a conclusão parcial do empreendimento, que funcionou com menos da metade dos quartos durante a Olimpíada.

Em nota enviada à Sputnik Brasil, a LSH Barra comunica que aceitou o distrato proposto pela Organização Trump e já tomou todas as providências necessárias para a cessação do uso da marca no hotel de sua propriedade e esclarece, ainda, que o distrato está sendo feito de forma amigável. A partir desta sexta, 16, o empreendimento passará a se chamar LSH Barra Hotel, e continuará com o mesmo padrão de qualidade e atendimento inicialmente propostos, e em breve a empresa irá anunciar nova concorrência para selecionar outra bandeira. 

Por fim, a LSH Barra ressalta que, ao contrário do que foi divulgado em algumas mídias, e conforme declarado pela própria Organização Trump, o distrato do contrato não guarda qualquer relação com investigações do Ministério Público Federal ou de qualquer outro órgão, ressaltando, inclusive, que a LSH Barra nunca sequer recebeu recursos públicos.  

 

© DivulgaçãoTrump Hotel na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro
Trump Hotel na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro - Sputnik Brasil
Trump Hotel na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro

Este não é o primeiro projeto de Trump que não dá certo no Rio de Janeiro. Outro negócio do presidente eleito é investigado pela Justiça brasileira: o Trump Towers Rio, um megaempreendimento imobiliário situado na zona portuária do Rio com cinco torres de escritórios corporativos de 38 andares e 150 metros de altura cada, mas que ainda não sai do papel há quatro anos.

A Procuradoria da República do Distrito Federal enviou denúncia ao juiz da 10.ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira, denunciando um esquema pelo qual o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado pela Caixa, "favoreceu de forma suspeita" a The Trump Organization. O empreendimento seria um dos muitos beneficiados na nova zona portuária através de negócios firmados pelo ex-deputados federais Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Alves (PMDB-RN) e o ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto. 

Recentemente, Cleto assinou acordo de delação premiada no qual afirmou ter recebido R$ 2,1 milhões pelo projeto do Porto Maravilha, ao passo que Cunha teria sido beneficiado com 1,5% do valor total da operação, orçada em R$ 3,5 bilhões. Cunha ocupava a presidência da Câmara dos Deputados, teve o mandato cassado e está preso respondendo a diversos inquéritos na Justiça com acusações sobre manutenção de contas no exterior, recebimento de propina em contratos com a Petrobras, entre outros. Henrique Alves chegou a ocupar o Ministério do Turismo. 

O Trump Towers Rio foi concebido para ser o maior conjunto de escritórios de todos os países dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), dotado de uma série de inovações tecnológicas. Há quatro anos, porém, não há qualquer sinal de obra no terreno. No site da Trump Organization, as duas primeiras torres começariam a ser construídas em 2015 e as restantes seriam entregues em 2018. A recessão econômica que afeta o Brasil há dois anos, contudo, colocou um freio no projeto, com investidores fugindo do mercado imobiliário. 

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