Em uma entrevista exclusiva com a Sputnik, o ativista sírio Maytham al Ashkar afirmou estar convencido de que todos os relatos de Bana no Twitter, que têm sido amplamente divulgados por grandes meios de comunicação, não passam de um "exemplo flagrante de propaganda" contra o governo sírio.
"Boa tarde de Aleppo, estou lendo para me esquecer da guerra"
Good afternoon from #Aleppo I'm reading to forget the war. pic.twitter.com/Uwsdn0lNGm
— Bana Alabed (@AlabedBana) 26 de setembro de 2016
Bana já se converteu em uma espécie de ícone da guerra civil Síria, chegando ao ponto de ser qualificada pelo Washington Post como a "Anne Frank" [moça alemã de origem judaica, vítima de Holocausto, extermínio maciço de judeus, que virou conhecido após a publicação de seus diários] de Aleppo.
"Temos a certeza de que o Exército Sírio está nos conquistando agora. Vamos nos reencontrar algum dia querido mundo. Tchau. — Fatemah"
We are sure the army is capturing us now. We will see each other another day dear world. Bye.- Fatemah #Aleppo
— Bana Alabed (@AlabedBana) 4 de dezembro de 2016
Entretanto, apesar da conta da menina síria ter sido verificada pelo Twitter, muitos têm questionado sua autenticidade.
"Bana Alabed filmada por sua mãe para o novo post sobre a vida em Aleppo no Twitter"
#syria Bana al-Abed is filmed by her mother as they prepare to post on Twitter about life in #Aleppo on October 12 #AFP by @THAER__MOHAMEED pic.twitter.com/85oTf5MEtS
— AFP Photo Department (@AFPphoto) 6 de dezembro de 2016
O ativista pró-governamental Maytham al Ashkar, que atualmente mora em Beirute, mas viaja frequentemente a Damasco e Aleppo, entrou em contato com Bada por via Twitter em 27 de novembro para lhe propor a sua evacuação junto com toda a família.
"Quando entrei em contato com a conta de Bana, comecei a falar árabe, dado que somos todos sírios e o árabe é nossa língua materna, embora fosse óbvio que a pessoa que possuía a conta preferia o inglês como língua de comunicação", sublinhou Al Ashkar.
A conversa começou em árabe mas logo passou para inglês já que imediatamente se tornou clara a falta de conhecimento de Bana da sua 'língua materna'.
Explicou que, antes da conversa com ela, "tudo estava preparado para a evacuação da sua família". Al Ashkar também assegurou que estariam presentes meios de comunicação e das autoridades locais para garantir a segurança da menina.
"As autoridades sírias acordaram em evacuá-los de Aleppo oriental para qualquer destino que escolhessem, inclusive para fora da Síria", recordou o herói.
No entanto, depois de reclamar que Al Ashkar estava a "apressando", Bana acabou por rechaçar a proposta.
Entretanto, isto não impediu a publicação do seguinte tweet:
"Mensagem final – Estou muito triste por ninguém nos ajudar neste mundo, ninguém está me evacuando com a minha filha. Adeus. — Fatemah."
Final message — I am very sad no one is helping us in this world, no one is evacuating me & my daughter. Goodbye.- Fatemah #Aleppo
— Bana Alabed (@AlabedBana) 12 de dezembro de 2016
"A menina é apenas um rosto, uma ferramenta usada pela inteligência britânica. Há uma estreita relação entre a conta de Bana e os Capacetes Brancos, que são financiados e patrocinados pelo Reino Unido", argumentou Al Ashkar.
O usuário Ali Kourani publicou um tweet, perguntando “Olá @AlabedBana, você pode perguntar a seu pai por que ele faz amizade com jihadistas da Frente al-Nusra e Frente Fatah al-Sham?” e foi imediatamente bloqueado.
How do you overcome getting blocked by a 7 year old with fibre optic broadband and perfect English in forlorn Aleppo pic.twitter.com/NXcxEeCx1p
— Ali (@Ali_Kourani) 2 de dezembro de 2016
Anteriormente, muitos usuários se questionaram por que motivo a conta de Bana tinha sido cadastrada no Reino Unido.
"@AlabedBana Cara banana [alusão ao nome da menina, Bana], por que é que sua conta do Twitter foi cadastrada no Reino Unido e por que vc bloqueia pessoas por perguntá-lo?"
@AlabedBana Dear banana, why is your twitter account registered in the UK and why are you banning ppl for asking this?
— Staatenlos.info (@kommission_146) 4 de dezembro de 2016
Outro usuário conseguiu os metadados da conta e revelou que esta tinha sido criada no estrangeiro, de fato, no Reino Unido.
@Pinsnowes11 @AlabedBana Some dude read out the metadata of her account, asked the same question and got banned pic.twitter.com/ci8Pjio3Hp
— Staatenlos.info (@kommission_146) 4 de dezembro de 2016
Além de não terem obtido nenhuma resposta, estes usuários foram bloqueados logo depois de contatar com a página da menina.
"Creio que a moça estava em Aleppo, mas agora já não está. Seu papel foi tirar fotos e vídeos e, uma vez que cumpriu sua tarefa, foi embora", concluiu.