"Esta descoberta não quer dizer que o mesmo aconteça à Terra em algum período próximo. Por outro lado, a nossa descoberta é uma prova de que os sistemas planetários podem passar por períodos muito tempestuosos e brutais, e isto bem poderia acontecer também no nosso Sistema Solar", afirmou Jacob Bean da Universidade de Chicago, nos EUA, citado pela Astronomy & Astrophysics.
Ao estudar o espetro deste astro, que pelo tamanho, luminosidade e idade é parecido com o do Sol, os cientistas repararam em linhas estranhas que absorvem radiação e que indicam o fato de que esta estrela tem elementos extremamente atípicos dentro de si — lítio, ferro e uma série de outros elementos que são mais pesados do que o hidrogênio e hélio.
Tal descoberta foi uma surpresa para os cientistas, já que indica o fato de nós estarmos enganados nas avaliações da idade da HIP68468 por considerá-la vários bilhões de anos mais nova do que ela é na realidade, ou seja, que a estrela tem uma história extraordinária de relações com sua família planetária.
Hoje, segundo demonstraram os experimentos feitos via HARPS, são dois os planetas que orbitam ao redor do chamado "sósia do Sol" — o Superterra, que é 3 vezes mais pesado que o nosso planeta, e o Netuno quente, cujo peso ultrapassa o do "original" em 6 vezes.
Tal localização dos planetas quer dizer que tanto o planeta gasoso como a Superterra hoje em dia estão em outro lugar — eles migraram em direção à HIP68468 já após seu amadurecimento, e este processo de aproximação, segundo explicam os cientistas, indicou aquilo que, de modo artificial, tornou a HIP68468 "velha".
De acordo com Bean, o excesso de lítio dentro desta "prima do Sol" surgiu porque no passado recente a HIP68468 "comeu" um ou dois planetas que foram expulsos em direção do astro pelo planeta gasoso em migração. Na sequência disso, as camadas superiores do núcleo sideral foram impregnados de lítio e outros metais descobertos pelo espectrômetro da HARPS.
"Aquilo que vimos é como se observássemos um gato sentado perto de uma gaiola com um passarinho. Se há um penas amarelas saindo da boca dele, é quase garantido que ele comeu o canário", concluiu o colega de Bean, Megan Bedell.