De acordo com a Fundação Varkey, o prêmio Global Teacher Prize reconhece ações transformadoras protagonizadas por educadores dentro da sala de aula e em suas comunidades. Wemerson Nogueira é Professor de Ciências Biológicas e Química, especialista em Química Orgânica, e dá aulas no município de Nova Venécia, no Espírito Santo. Já Valter Menezes, Professor de Ciências Biológicas, atua junto à comunidade de Santo Antonio do Rio Tracajá, em Parintins, interior do Estado do Amazonas. Para a Fundação Varkey, tanto Wemerson quanto Valter estão entre os 50 finalistas do Global Teacher Prize não só por terem mudado as perspectivas de aprendizagem de seus alunos mas também por terem levado soluções pedagógicas para as regiões em que exercem seus ofícios de educadores.
De acordo com a Fundação Varkey, entidade sediada em Londres, na Inglaterra, o Global Teacher Prize (algo que pode ser entendido como Prêmio ao Professor Global) é uma premiação de 1 milhão de dólares concedida a um "professor excepcional que tenha feito uma contribuição extraordinária para a profissão."
A Fundação Varkey criou o Global Teacher Prize em 2014, "com o objetivo de elevar o status da profissão do educador", buscando homenagear "os melhores professores, aqueles que inspiram seus alunos e a comunidade ao seu redor." O Global Teacher Prize é patrocinado pela Sua Alteza, o Sheik Mohammed bin Rashid Al Maktoum, Vice-Presidente e Primeiro-Ministro dos Emirados Árabes Unidos além de governador de Dubai, considerada a maior cidade dos Emirados Árabes Unidos.
Em entrevista à Rádio Sputnik Brasil, o Professor Valter Menezes falou de sua visão sobre o prêmio e conta como seu nome chegou a ser indicado para a honraria:
"O Global Teacher Prize é uma premiação que caça talentos pedagógicos a nível de planeta. Os professores que são classificados entre os 50 melhores e depois, entre os 10 melhores do mundo, têm prática pedagógica que pode ser aplicada em todo o mundo. A Fundação Varkey caça talentos para que a cara da educação mundial tenha um visual diferente."
Valter também contou como seu nome foi indicado para a honraria:
"Como nós já tínhamos sido classificados, em 2015, na premiação de 'Educador Nota 10' e um dos critérios para concorrer a essa premiação é que o educador já tenha projeto publicado em sua nação, uma colega, que foi 'Nota 10' ano passado, Paloma dos Santos, publicou, no nosso grupo no Facebook, que estava aberta a inscrição para o Global Teacher Prize, para escolha do melhor professor do mundo. Passei toda a documentação, com muita dificuldade porque era tudo em inglês, e no dia 12 de outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, eu concluí minha inscrição. Depois de um mês recebi o primeiro contato do Global Teacher Prize pedindo mais referências do meu projeto. Com esse e-mail eu tive a noção de que seria um dos classificados. No dia 8 de dezembro, recebi um e-mail me parabenizando por ser um top finalista do mundo e aí a emoção foi muito maior: já imaginou um amazonense do meio da floresta amazônica sendo olhado lá em Dubai como responsável por um dos projetos inovadores da parte pedagógica? Foi muita emoção. Hoje sou muito agradecido porque fui no ano passado o primeiro 'Educador Nota 10' do Amazonas e hoje sou o primeiro educador do Amazonas e o segundo brasileiro a chegar ao topo dos 50 melhores do mundo na história dessa premiação."
O Professor Valter Menezes forneceu ainda sua visão sobre o que representa o papel do educador no Brasil:
"Ser educador hoje é ser uma pessoa sonhadora e transformadora. Eu acredito na Educação. Pela miséria que existe no mundo hoje, pela carência que existe no nosso Brasil, só existe uma saída que é a Educação. Apesar de nós, professores, não sermos tão valorizados por nossos administradores nos níveis federal, estaduais e municipais, eu digo que a profissão do Educador é uma das mais belas que existem porque trabalhamos com gente. Gente que pensa, gente que sonha, gente que tem ideais, gente que espera que um professor compartilhe sua inteligência e sua formação; o professor tem que ser aquele cara que vai compartilhar idéias e pensamentos; que inove, que busque a prática pedagógica para transformar, de verdade, a educação de qualidade e eu vejo que nossas escolas hoje estão muito acomodadas em quatro paredes."
"As escolas têm que sair e olhar ao seu redor. Nós temos um laboratório a céu aberto, estejamos na periferia, no campo ou nas grandes capitais. Nós temos que trabalhar o espaço não formal dos alunos, confrontando a teoria com a prática. Hoje, para mim, ser um educador na Amazônia é um desafio muito grande. Aqui na Amazônia nós trabalhamos no meio de um paraíso chamado Amazonas, esse paraíso aconchegante em que nós podemos desfrutar da beleza que ele tem. Ser educador é uma graça muito grande porque trabalha com gente. Gente que poderá formar uma sociedade consciente, crítica e transformadora, aquela que vai gritar pelo bem comum e social do seu povo."