'Como os crimes na Síria podem ser investigados por aqueles que não estavam lá?'

© AFP 2023 / DANIEL LEAL-OLIVASUm lutador rebelde dispara uma arma antiaérea de 23 milímetros de trás de um caminhão enquanto um avião da Força Aérea da Síria voa acima durante os confrontos entre os rebeldes e as tropas pró-governamentais nos arredores da cidade do norte de Aleppo
Um lutador rebelde dispara uma arma antiaérea de 23 milímetros de trás de um caminhão enquanto um avião da Força Aérea da Síria voa acima durante os confrontos entre os rebeldes e as tropas pró-governamentais nos arredores da cidade do norte de Aleppo - Sputnik Brasil
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A Organização das Nações Unidas planeja estabelecer um mecanismo para investigar "crimes graves" cometidos na Síria, mas a analista política Karine Gevorgyan disse à Radio Sputnik que a nova comissão "dificilmente será imparcial" e poderia muito bem ser usada para "ajustar as contas".

"A ONU muitas vezes criou numerosas comissões para os burocratas. Uma grande equipe de especialistas terá que trabalhar na comissão. Eles vão visitar um país após o outro, receber alguns documentos. Ninguém sabe como esses documentos serão avaliados e quais evidências serão ouvidas por eles", disse ela.

A analista política também avisou que tal comissão poderia estar predisposta a alcançar certo resultado em vez de conduzir uma investigação imparcial e ver aonde isso leva a equipe.

"Esta comissão dificilmente pode ser imparcial. Eu penso que esta solução é burocrática", disse ela, acrescentando que esta iniciativa "profana o trabalho sério" e pretende "ajustar as contas" com aqueles que a comissão não concorda.

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A resolução, que estabelece o novo mecanismo, foi aprovada na quarta-feira (21) com 105 votos a favor. Quinze nações, incluindo Rússia e China, não apoiaram a medida, referida pelo representante sírio para a ONU, Bashar Jaafari, como "flagrante na interferência dos assuntos internos de um Estado-membro da ONU".

"Como é possível que os crimes cometidos em um país sejam investigados por aqueles que não estavam presentes no país, quando tais eventos aconteceram?", perguntou Gevorgyan.

A analista política frisou o ataque a um comboio com ajuda humanitária da ONU perto da cidade síria de Aleppo em 19 de setembro como o caso principal. Na quinta-feira (22), a ONU comunicou que suas descobertas foram inconclusivas, não conseguindo identificar os responsáveis pelo incidente. No entanto, os investigadores insistiram que o comboio foi destruído em um "ataque aéreo".

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"Eles ainda são incapazes de explicar o que aconteceu. Por uma razão desconhecida eles disseram, desde o início, que foi um ataque aéreo. No entanto, todas as filmagens tomadas no local do ataque criaram a impressão de que os caminhões foram bombardeados, não tendo sido alvo de ataque aéreo já que lá não havia quaisquer crateras. Há tantas perguntas", disse ela.

Oficiais dos EUA culparam a Rússia e a Síria pelo ataque perto de Aleppo, realizado em 19 de setembro. O Ministério da Defesa russo negou estas alegações dizendo que nem aviões russos, nem sírios participaram do ataque.

"Está claro que as forças da Rússia e da Síria não tiveram nada a ver com isso. Ambos os países têm fornecido ajuda humanitária para Aleppo. A questão óbvia, evidentemente ignorada pela Comissão de Inquérito da ONU, é qual seria a necessidade de destruí-los? Também quem se beneficiou com o ataque — claramente não a Síria ou a Rússia", afirmou o analista de Chicago, Stephen Lendman.

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